Aconteceu há tantos anos atrás
que eu já não me lembro mais
A vida tem disso
quantas coisas ocorreram
no desfiar moroso dos dias
mas depois se perderam
no interior mesclado e confuso
dos escaninhos da memória?
Tenho em mim mais esquecimentos
do que este novelo de lembranças
de onde retiro o enredo das minhas histórias
Não sou quem me lembro
pois quem sou não se acha
nos momentâneos instantes
gravados em minhas paredes
como toscos desenhos rupestres
Em mim habita um imenso Joaquim
microscópico, invisível e calado
que nem às fotos revelo
feito de intervalos e lapsos
que se encontra nas rachaduras
esburacadas do passado
um Joaquim inarrável e encoberto
desconhecido, clandestino e secreto
Eu sou a maquiagem que vejo
e o somatório de toda minha desmemória
- Autor: joaquim cesario de mello ( Offline)
- Publicado: 11 de abril de 2023 07:19
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 13
Comentários1
Amei tuas metáforas e antítese e me vi ,,como o poeta, feita de intervalos e lapsos, com coisas que como tu,nem nas fotos revelo. Linde e blematico poema. Aplausos!
Obrigado, Maria Dorta. São olhares como os teus que nos motivam a escrever a labiríntica e singular arte da Poesia, mesmo sabendo que seremos lidos por poucos. Gratificante poder resvalar aqui e acolá a alma de alguém. Os meus mais felizes agradecimentos
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