Certa vez, fizeram uma pergunta a um professor: “Que conselho você daria pra um jovem que está em dúvidas do que quer ser quando crescer?”. E ele respondeu entre risos: “Não seja professor”. Podia até ser brincadeira, mas entre os vãos daquele sorriso, se escondia uma verdade amarga.

Por que alguém que escolheu e ama certa profissão não a recomendaria para os outros?

E a resposta é clara: ser professor é apoiar uma equipe em desvantagem.

É entrar num time de 1 para jogar bola contra 11.

É entrar no exército do Vaticano para lutar contra o dos Estados Unidos.

Porque há solidão por todo lado, inundando a sala de aula, o quadro branco, as lixeiras e saindo pelas frestas das portas.

Porque todos se uniram contra o professor, como se numa comunidade fosse cada um apenas por si e Deus contra todos.

Porque a desvalorização começa de dentro para fora.

Porque, a qualquer momento, todos podem engessar-lhe a mão.

Não há quem o escute, embora ele esteja gritando “fogo!” num prédio onde ainda restam inúmeros sobreviventes.

Todos podem interrompê-lo, porque o que ele fala, na opinião da maioria e dos maiorais, não tem relevância nenhuma.

Todos podem castrar-lhe o cérebro, porque não há espaço na velha caixa para ideias novas.

Todos podem tirar-lhe os recursos para que o rio não possa seguir o seu curso com excelência.

Todos querem executar suas ideias, mas não se engane, executar com 27 tiros de fuzil.

E o sistema educacional está armado para lutar contra o professor e contra seus próprios interesses.

Está adestrado para sempre ignorar seus próprios documentos, necessários para inglês ver e desnecessários para brasileiro obedecer.

Parece que apenas o professor ama a educação e, talvez, alguns gatos pingados que ouvem os seus apelos em meio ao caos da guerra.

No entanto, somos insuficientes perante um exército de robôs, empresários e assassinos.

Pois eles já decretaram a deseducação como um degrau para o seu tão sonhado fim do mundo.