Arlindo Nogueira

NUNCA MAIS DIREI ADEUS



Sua imagem trago na imaginação

O muro da vida separou nós dois

Nas ondas do mar o seu barco foi

Fiquei no cais em total desalento

Você distante emerge sofrimento

Vazio da vida na lógica da mente

Retina fatigada quadro diferente

Só há seu retrato no fio do tempo

 

Você é estrela no clarear do dia

Que foge do fito sob a luz do Sol

Distância é um túnel em caracol

Serpear oculto que há entre nós

A saudade vazia sob os caracóis

É uma estrada longa pedregosa

Calejando os pés curva sinuosa  

Qual as longas asas do albatroz

 

Você foi a melhor coisa que tive

Sua lembrança viverá em mim

Imagem esguia no mar sem fim

Foi distanciando e desapareceu

Destinos divididos solidão do eu

Encantos subtraídos do coração

São raios de Sol fugidio no vão

Eu nunca mais vou dizer adeus

 

  • Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 7 de Abril de 2023 01:17
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “Nunca Mais Direi Adeus”, ao refletir sobre frases de Clarice Lispector, como: “Fotografia é o retrato de um côncavo, de uma falta, de uma ausência”; “Saudade é como um pouco de fome: só passa quando se come a presença”. Em um diálogo sobre presença e ausência, Lispector disse: “Parei de implorar companhia dos outros; se quiser ficar, fica, se não quiser, adeus”. Esse desabafo de Lispector é compreensivo, quando ela refere sobre uma despedida no aeroporto, de um grande amigo que foi embora. Lispector reportou-se desse momento dizendo: “Um aperto de mão comovido foi o nosso adeus no aeroporto. Sabíamos que não nos veríamos mais, senão por acaso”. Nossa poesia compartilha do pensamento de Clarice Lispector, a distância que é cumplice da ausência, é declamada em nossos versos, exprimindo o quanto é difícil dizer um adeus, para quem a gente ama. Isso tudo, porque de alguma forma, no amor à distância simultaneamente temos e não temos o outro na nossa vida. Boa leitura do nosso poema a todos.
  • Categoria: Amizade
  • Visualizações: 16

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