Rafael Marinho

Quando o seu toque implorei, que ironia, veio o toque de recolher


Aviso de ausência de Rafael Marinho
NO

mal abrimos
a porta
de dois mil
e vinte
e o planeta
se curvou
como um mau
pedinte
e todo mundo
já dormia
cheio de medo
do dia seguinte

e foi exatamente
quando eu,
pelo seu toque,
implorei
mas que ironia,
fui respondido
com um toque
mas era um toque
de recolher

e quando
um hacker
invadiu a conta
da gente
o técnico exausto
foi no RH
e disse "já deu"
pro comandante-
chefe

e eu
que sonhava
com a liberdade
gloriosa
abria os olhos
e só via correntes
e o vale da sombra tenebrosa
bem em frente

e acordar
passou a ser
uma medalha
de ouro
numa disputa
escovar os dentes
era como chegar
na lua
e era capaz 
de eu ganhar
um diploma
só por conseguir
sair na rua

e agora
começo a errar
a data de dois mil
e vinte três
pois me sinto
como uma criança
escrevendo leis
com a nostalgia
cheia de futuro
outra vez

e o tempo chegou
de me olhar
no espelho
e não ouvir
aquele caô
e finalmente
vou te enfeitar
com todo
meu amor
porque tenho
as forças
para blindar
meus olhos
deste circo
de horror

querida amiga,
querem tirar
todas as pétalas
da nossa flor,
e se a gente
não é um NPC
não tem direito
a um segundo
de sextou

pois destruir
essa década
não é
o maior desejo
desse mundo
o que ele quer
é levar a gente
junto

lembre-se
querida amiga
nós queremos
nos embebedar
de pureza
não andar por aí
bebendo
essa noite
como um defunto
porque
a verdade é
que nem no raso
nem no fundo
nós não
fazemos mais
parte desse
imundo

- Loucos anos vinte

(01/04/2023)

 

  • Autor: Rafael Marinho (Offline Offline)
  • Publicado: 2 de Abril de 2023 13:10
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 10

Comentários2

  • Antonio Olivio

    Fiquei embriagado de tanta pureza nos teus versos . Tanta verdade dita e descrita, parece nesmo que a alma do poeta não pertence a este mundo imundo.
    Parabéns pela inspiração!!

    • Rafael Marinho

      Muito obrigado pela seu comentário, me deixou alegre!

    • Jose Kappel

      Alô Rafael. Belo e induzido texto de profundo sentimento, sua poesia. É nosso cotidiano visto entre nossa realidade e sonhos. Parabéns. pela bela poesia.



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