Passos no telhado

Lá vão eles, mais uma vez.

Garrafas rolando pelos becos.

Dois pontinhos de luz, olhos atentos

Ou dois cigarros acesos.

Rastros de juventude no ar.

Os gritos começam, quase que selvagens

Um rock, cantado de forma desafinada.

O grupo se diverte, pulando no ritmo

Cheirando a espírito adolescente.

Perfume de fêmea, vodka, cigarro,

Batom de cereja e chiclete sem gosto.

As gatinhas abanam a cauda, 

Por baixo da minissaia jeans e da meia calça rasgada,

Descem devagar com as patinhas nos joelhos. 

Algumas têm atitude, ronronam e sussurram 

"Podemos ir pra um cantinho mais discreto, gato?" 

Arranhões e libido. Gemidos e miados. 

A festa está só começando, meus amigos! 

Os poucos gatos que ficam sem gatas, não são solitários

Não estão tristes, nem um pouco.

Não é preciso ter sexo pra ser divertido

Basta apenas, ser um gato.

Gatos só querem diversão, não importa como.

Após mais alguns miados desafinados, 

Muitos goles de vodka e pulos nos telhados, 

Eles voltam pra suas casas, pra suas vidas domésticas de jovens humanos.