Dia Afora

Fui dia afora,

corrido em três berços,

cerrados por mãos

de carpinteiros

sem inspiração,

pois acho

que tinham mãos

vesgas

e

de coração devendo.

Fui oração de mãe
e orgulho de pai.

Corri berços e colos,
corri mundo,
por mãos desconhecidas
que me diziam coisas
que não entendia,
coisas de ódio 

mas também de furor

do puro amor.

Fui dia afora,

caminhando

com presto e zunidos

por
luz  benta e azulada,

que eram
experiências de 
eremitas de amor.

Fui frescor de muitas mulheres,
e dengoso boneco de choro !

Mas sempre alentado
por cobertores de abraços
de mel e beijos dourados ! 

Mas, dentro do espaço

muito escuro,

descobri,

bem mais tarde,

que do amor

tudo tinha um preço,

e meu amor

era carinho de centavos !