Pingando, pingando, gota por gota
Fazendo um desenho irreconhecível no carpete
O cheiro é forte, o óleo cai e mancha o chão
Cheiro de querosene no ar
Raiva e frustração contida, que querem queimar
Joguei o isqueiro e tudo pegou fogo
A madeira da casa cai podre no chão, uma linda fogueira a céu aberto
O eu e a casa, ambos iguais, só que um morreu e outro ainda vive
Meus sentimentos queimaram juntos
Meus olhos lacrimejam com as fagulhas no meu rosto
Expressão de indiferença, mistura de sensações
Uma vida jogada fora a troco de nada
Não havia vida ali, apenas um mundo deprimente e escuro
Não havia visitas ali, apenas a minha própria imundice
Estava sozinho, a casa e eu, consumi ela em chamas antes que ela me consumisse
Queime, desmorone, não faz diferença, tudo irá virar cinzas
Os meus batimentos cardíacos anseiam pela libertação da minha alma
No momento que tudo queimou, fui libertado do meu outro lado
Meus olhos escuros, encandeados pela fogueira de madeira e telhado chamuscado
Uma chuva tenta apagar o fogo que fiz, mas não adianta, irá queimar enquanto a noite durar
Ali está o ápice, o fundo do poço e o mais alto do céu
Minha maior alegria e minha maior dor
Minha vida e minha morte discutindo meu tempo
Meu sorriso e minhas lágrimas
O meu preenchimento e o meu vazio
E eu ainda sinto o cheiro de querosene no ar
Enquanto mais lágrimas caem, ali está, o meu verdadeiro semblante medíocre....
- Autor: Lucas F. (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 24 de fevereiro de 2023 21:39
- Comentário do autor sobre o poema: Mistura de raiva e tristeza de várias coisas, que no fim não fazem diferença pois ambas acabam se autoconssumindo
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
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