Seu Rômulo deixou o café pela metade
O cheiro ainda estava quente
E o odor forte de madeira queimada saia pela janela à esquerda
De mão esticada e olhos na revista agropecuária, abandonava a xícara branca na janela
Entretanto, não ficou apoiada, outra mão recebia
Áspera e mais quente que a bebida
O fazendeiro virou a face e encarou uma pele alaranjada
Contrastava com a tarde salgada
Pediu para entrar, Rômulo recusou sem respirar
Só tirando a mão da xícara que inalou novamente
Enquanto um vermelho subia aos olhos e inundava o rosto gordo
Ameaçado, gritou a família
A família não vinha
Gritou os empregados
Os empregados menos ainda
Subitamente o coração quis sair do peito
Dor insuportável, dedos apertados e cabelos puxados
O ar findava e Rômulo tonteava
Não conseguiu segurar na cadeira
Pegou o vento e foi com ele ao chão perto da porta
Outra vez gritou, e suado acordou
Um pesadelo insuportável
Tal como o cheiro quente, odor de madeira queimada
do seu calção urinado
- Autor: Raphael Nery ( Offline)
- Publicado: 18 de junho de 2020 22:49
- Categoria: Conto
- Visualizações: 50
Comentários1
Muito bom... muito trágico esse sertão... Valeu...
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.