Santuário do Coração

Jose Kappel

 

 

Lá no fundo, bem fundo e milagroso

de nossa vida,

mora o santuário do coração.

 

Lá longe, onde a mente não alcança,

os sentidos tremulam,

e a luz constante afogueia a escuridão,

mora nosso santuário do coração.

 

Na nossa vida,no passar dela,

até seu ocaso,

num dia sanzonal,

você vai pousar

no santuário do coração.

 

Se você é tão sozinho

como os meus,

se você se amarga

com os pobres e desfeitos,

com os descamisados,

e com os de corações sufocados,

verá que já está dento do santuário.

 

Se você é história pra contar,

vida pra se viver,

inspiração de todos os dias,

encanto que arde o coração,

verá que está entrando no santuário.

 

Se você vive o minuto que lhe resta

propagando raízes de cor-jasmim,

abonando dores,

e vivificando desesperados,

que a vida nos trás todos os dias,

num prato, que a maioria rejeita,

por convicção e desamor,

você está às portas do santuário.

 

É lá que a vida pulpita e resvala

para o interior da alma,

e a faz mais viva e repentina,

dona de todos os sentidos,

sem permeios de medos,

sem aparentes receios.

 

É ai que você começa a fazer

parte do santuário do coração.

 

Se já perdeu tanto na vida

- pouco se dá!

Se já  é fruto da humilhação

- muito pouco se dá!

Se já sentiu  o sem sentido

e  foi perambulante, com vazios adornos

magros no espírito:

muito, muito pouco se dá!

 

Você já faz parte do Santuário

do Coração!

 

Um lugar dos incríveis,

dos serenos amantes,

dos beijos incontroláveis,

de luzes maravilhosas,

de céus adornados por flores

absintas e de cor novel.

 

Um lugar perdido no mundo

e que vive dentro de você:

- o santuário do coração,

onde eu sou sempre

árvore de crescer,

flores de mesas,

adornos de bonecas,

tão férteis em beleza

e encanto que medra

os temerosos de glória!

 

Você acaba de descobrir

o Santuário do Coração,

que começa na minha agonia

e termina na vida,

por mim,por nós,pelo amigo,

pela donzela amada,

por todos, na caravana de

fiéis e amantes,

de ser bom e amado,

lá dentro do nosso

Santuário do Coração!

 

 

 

Santuário do Coração (II)

 

 

 

Ouvindo você toda vez,

toda hora, assim de espírito

aberto,

vejo sua vida,

aberta no santuário do coração.

 

Sei que lá nasce o sol

e cantarolam pássaros,

florescem arbustos

coloridos,

e bandeiras de paz

tremulam ao vento.

 

Sei que lá é sua morada.

Sei que arde em seu corpo

o ardor pela vida.

 

Quando vejo os caldenses da nova era,

misturados a nova ordem

de angústia e caos,

de desesperanças e solidão,

me confundo entre o claro

o escuro dos dois lados da vida.

 

Então,penso,justo em você,

pois sei que sua estadia

é no santuário do coração,

e imagem sua nem espelho faz.

 

Sei que estou junto a você

mesmo se a distância de

mil jardas nos surprenda;

mas procuro sua imagem

que floresce nos campos

que me fenecem de ternuras

de antigas cantigas

de ninar.

 

Sei que estou perto da verdade,

quando mais longe estou dela,

porque  sua luz dorme

em meu pranto,

e me guarda de esperanças,

me tira a sensação de pó

quando chego no seu santuário

do coração.

 

Lá não há partidas,

e outroras.

 

Há risos

de crianças,

albergue dos vivos,

fortaleza de amores.

 

Lá, viver é um dom,

um acontecimento,

um renascimento:

um afogueio de esplendor

e de vida.

 

No pórtico do santuário do coração

o milagre se faz todos os dias.

O justo milagre de renascer

sem morrer,

de jurar sem pecar,

de ouvir sem falar.

 

Lá, você vive em mim,

e já não é minha dúvida:

é minha luz

é meu santuário do coração.

 


 

Santuário do Coração (III)

 

Digo mulher!

Digo e não passo!

O que fez comigo, que me cativa?

Você é nobre, é singular,

Não se assustou com meus trapos?

 

Roço seus sentidos,

e,uma nuvem de nome

misterioso, me toma

aquém de minhas forças,

longe de meu poder.

 

Sou tomado e sugado

pelos seus sentimentos,

pelo seu arder de vida,

pela volúpia, que não

esconde,

e sou tomado de você.

 

Sou você e disso não sabe.

Não sei se você me perdoa

pelo que digo,

e se digo, digo de amor.

Se calo, clamo de amor.

 

Posso pedir que não

me falte?

 

Posso pedir lanjedouras de ouro,

que me envolva de seu

sonho.

 

Que guarda para o

próximo rei,

que, do pórtico de

seu castelo,se aproxima?

 

Diga mulher,

das esperas!

É a nova era !

 

É um beijo

dos eternos,

destes que nos unem

com bondades

e acalentam o

Santuário do Coração!

  • Autor: Jose Kappel (Offline Offline)
  • Publicado: 18 de fevereiro de 2023 06:15
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 3


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.