A agonia repousou em meu peito melodioso
Como se fosse o inverno tenebroso que me envolve,
Não tenho mais o céu, nem o indicio de algo que soprava em tua alma;
Qual pólen que se dissolve flutuando nas manhãs ensolaradas,
Sua língua de fogo apenas sussurrou em meus ouvidos e foi embora
Avivando um cântico triste que ouvi de sua boca sedosa,
Misturando-se as nuvens de poeira que se postam ao entardecer
Nos dias quentes rendidos a monotonia,
Que ditaram as palavras lidas em seus olhos.
Aquelas que começavam a ser escritas em meu interior
E moviam moinhos de sonhos,
Com seus dedos de poema a segurar minhas mãos em seu faustoso silencio,
Fazendo-me planar como se a noite tivesse asas
E coubesse em mim todo seu amor.
Quis parecer que numa única noite o inverno chegou
E o fogo devorador de quem tanto amou trouxe apenas lágrimas aos olhos,
Ardeu como o jogo da chama incandescente
Que dançava displicente em meu cerne, minhas profundezas,
Sentindo as incertezas de algo que se perdeu
Quando suas mãos se fecharam
E seu punho cerrou-se, na mesma esperança das flores diuturnas...
Por pouco tempo fez-me esquecer de que havia estrelas
Despercebidas numa nevoa fina e insistente
Quando em algum dia frio a geada seduziu a grama,
Enchendo repentinamente de branco meu coração
Com um grande lençol denso e vazio,
Desdobrado na cama a sobrepor o meu espírito,
Antes encoberto, tão-somente, pela rudeza de sua compaixão.
Compreendi que a minha ilusão apenas se assentava
No colo arrependido dos montes boleados pela distancia,
Esmerada em perder-se no horizonte
Sobre ondas de nuvens corriqueiras.
Dispersando-se como labaredas mudas e douradas quando o sol se foi,
A rugir eternamente, pelo medo demasiado, como um leão em fuga,
Temendo ser ferido por este mesmo céu,
infinitamente triste e desamparado,
Que se enruga a cada mudança que o vento faz no seu verão.
Esqueço-te, como um reflexo no lago se desfaz,
Na paisagem generosa que me cede o tempo,
Porém, sei que em cada recanto desta vida
uma brisa perdida seca o teu pranto,
Transformando-o no orvalho convalescido pela andança do meu ocaso,
Onde Deus me cobre com um véu envelhecido.
E de noite, pelos furos da renda puída,
Às vezes roída, dolorida,
Tua luz vem me preencher de esperança...
- Autor: johnmaker (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 15 de fevereiro de 2023 05:58
- Categoria: Amor
- Visualizações: 11
- Usuários favoritos deste poema: Anaaf, SANTO VANDINHO
Comentários2
Reflexivo poema sobre um Tema (Céu) que com as Terras e estrelas ficaram banalizados registrado pelo próprio Jesus Cristo, quando afirmou que = "CÉUS E TERRAS PASSARÃO, MAS A PALAVRA NÃO" Paz e Bem Poeta !
Os furos é
Só um rasgo,
De sima a baixo,
Indo atrás de quem
Perdeu o céu
Partido ao meio foi o véu.
Saudações de: Tiago cristão
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