Sou feito de palavras
que me vieram dos livros
e das bocas dos homens
que habitam as ruas
Em meu vocabulário
tenho diversos vocábulos
como liberdade, igualdade
fraternidade e solidariedade
Trago em mim gírias nordestinas
muitas sabedorias populares
e em meu pernambuquês
falo melhor do que em português
Meu léxico é miscigenado
mestiço, negro e mulato
salpicado e temperado
com termos nativos e europesados
Tagarelo com dicionários filosóficos
escrevo poemas em poetês
e quando penso o que penso que penso
penso com as palavras que penso
É com a nudez das palavras mágicas
que preencho meus vazios e vácuos
pois sem conversas por dentro
meus ocos seriam cheios de nadas e vento
Com as palavras formo frases
com as frases formulo parágrafos
e no conjunto conjugado do texto
sou um livro incompleto e um tanto vago
sempre em busca de novas e outras palavras
Quem me vê assim silente e calado
não sabe o tamanho do meu glossário
que com ele vejo a dimensão do mundo
injusto, truncado, inacabado e imperfeito
"Quem não vê bem uma palavra
não pode ver bem uma alma"
Fernando Pessoa
- Autor: joaquim cesario de mello ( Offline)
- Publicado: 10 de fevereiro de 2023 07:43
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 15
Comentários1
Adorei o poema!!! Parabéns pelo belo trabalho!
Eu que agradeço sua leitura, Cecília
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