Ó Minha Alma Por Que Andas Tão Vazia

Arlindo@123

Ó minha alma por que andas tão vazia?

Ó minha alma por que andas tão vazia?

Que lhe sature a dor que ela lhe nutra

Como as várias posições do Kamasutra

Nutrem as noites de prazer e de orgia!

 

Que da tristeza lhe sacie o sofrimento!

Que a angústia seja o pão de cada dia

Pois toda alma necessita de alimento

E pouco importa se é a dor que lhe sacia!

 

"Mas poeta nada há que satisfaça

Uma alma destinada ao sofrer!

Descarregue toneladas de desgraça

E inda assim tu não irás me preencher!"

 

"Poeta, meu vazio não tem limite!

Sou uma vaga e obumbrada escuridão

Que é o obeso com seu mórbido apetite

Se comparado à minha vasta imensidão?"

 

"Eis que reduzo a compulsão insaciável

E o furor exacerbado de Paulina

A um molambo de vontade miserável;

Minha fundura não começa e nem termina!"

 

"Em meu vazio tudo se faz irrelevante

Do desespero, ao alvor dos sonhos teus

Da diabólica presença inebriante

Ao poderoso e compassivo olhar de Deus!"

 

Ó minha alma é que as coisas desta vida

Nada me trazem e eu apalpo a sensação

De que a dor é uma dádiva auferida

Por todo aquele que viver é maldição!

 

"Poeta, tu és mesmo um malogrado

Me recordo do teu tempo de criança

Mas não lembro de uma rua do passado

Em que  tenhas ostentado a esperança!"

 

A enterrei e sua cova não foi rasa;

Apodreceu e nunca mais foi insepulta,

Como um cadáver no terreno de uma casa

Sua poeira em meu peito jaz oculta!

 

Todas as vezes que a lembrança me invade

Eu me recordo de um momento angustiante,

Em que queimado pelo sol de uma verdade

Esturriquei as minhas vestes de farsante!

 

E desde então, eu vivo aos pés da amargura

Como um cristão aos pés da sacristia

Diariamente o desespero me procura

Pra um passeio pelos bosques da agonia!

 

"Quanta tristeza! Mas escutes atentado;

Toda vacância da angústia que tu sentes

Se encherá quando quedares soterrado

Alheio a todo choramingo dos parentes!

 

Enquanto a cova sequiosa não tragar-te;

Tu hás de sempre carregar o meu abismo

Sorvendo sempre a aflição com heroísmo

Qual um soldado carregando um estandarte!"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Moreira Júnior
 
  • Autor: Moreira Júnior (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de janeiro de 2023 22:13
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5


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