Não sou poeta, não escrevo,
não leio, não admiro estrelas,
nem me apaixono por luas.
Eu não me perco como se perdia Apollinaire,
em seus tantos amores inesquecíveis
sobre a ponte Mirabeau que corta o Sena.
Não tenho a ironia de Machado,
nem moro em mim mesmo, como morava Mario.
Não sou Drummond e seus tantos Josés,
suas pedras no caminho.
Da minha língua nada sei.
Não sou poeta, não tenho tal ideia.
Não descrevo como descrevia Vinícius,
suas mulheres de tantas curvas deitadas em papeis.
Não, não o faço, não o consigo fazer.
Não carrego a melancolia de Lorca,
não possuo uma Matilde como Neruda,
nem sou príncipe como foi Bilac.
O que é isso então, que despertas neste papel?
Drummond, não deverias te dizer, mas tens razão,
esse conhaque e essa lua nos botam comovidos como o diabo!
Leonardo Ramos
- Autor: Leonardo Ramos ( Offline)
- Publicado: 9 de janeiro de 2023 14:24
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 8
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.