Num asilo
Ah este mundo de miséria abarrotado!
Impregnado pelos dias tediosos;
Me inscrevi como voluntariado
Pra visitar um lar de idosos!
Então eu fui... a impressão do ambiente
Era um lugar à fancarias destinado
Onde a palpável solidão daquela gente
Se alastrava como um câncer agravado!
me coloquei a conversar com um senhor
E ele cheio de mesura e polidez
Foi me dizendo com extrema lucidez
Quero que atento me escutes por favor!
Toda velhice tem um peso angustiante
Pra suportá-la é preciso muito esforço
Hoje carrego toneladas no meu dorso
Mas outro peso faz o tempo irrelevante!
E eu o disse: o que pode ter mais carga
Que a idade a zombar da eficiência?
Meu filho há uma coisa mais amarga
E mais pesada que a própria existência!
Nem as pálpebras atadas pelo sono,
Nem a morte celular debilitante,
a procela sobre o velho navegante
Pesam mais do que a massa do abandono!
Várias noites de esperança e de vigília
Várias noites de anseios recolhidos;
Um pedinte com os braços estendidos
À espera de uma esmola da família!
E a tristeza vai fazendo-se acúmulo!
Quiçá os filhos e os netos algum dia
Ponham flores diante do meu túmulo
Numa visita sem razão ou serventia!
O abandono é o mal que mais afeta
Aqui vivemos todo peso deste dano,
Tal e qual um esquecido lixo humano
Cujo funéreo varredor faz a coleta!
"Ah este mundo por misérias esmagado!"
- Autor: Moreira Júnior (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 3 de janeiro de 2023 00:11
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 21
Comentários2
Que poema emocionante e causa a quem lê vários sentimentos, parabéns poeta .
Triste mas verdadeiros os fatos narrados no teu excelente poema! O fim da vida no abandono da família e dos " amigos" é fato verificado nos asilos. E ainda nos
dizemos " humanos"?! Parabéns pela tua sensibilidade e tua arte poética. Chapéu!
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