Arlindo@123

Num Asilo

Num asilo

Ah este mundo de miséria abarrotado!

Impregnado pelos dias tediosos;

Me inscrevi como voluntariado

Pra visitar um lar de idosos!

 

Então eu fui... a impressão do ambiente

Era um lugar à fancarias destinado

Onde a palpável solidão daquela gente

Se alastrava como um câncer agravado!

 

me coloquei a conversar com um senhor

E ele cheio de mesura e polidez

Foi me dizendo com extrema lucidez

Quero que atento me escutes por favor!

 

Toda velhice tem um peso angustiante

Pra suportá-la é preciso muito esforço

Hoje carrego toneladas no meu dorso

Mas outro peso faz o tempo irrelevante!

 

E eu o disse: o que pode ter mais carga

Que a idade a zombar da eficiência?

Meu filho há uma coisa mais amarga

E mais pesada que a própria existência!

 

Nem as pálpebras atadas pelo sono,

Nem a morte celular debilitante,

a procela sobre o velho navegante

Pesam mais do que a massa do abandono!

 

Várias noites de esperança e de vigília

Várias noites de anseios recolhidos;

Um pedinte com os braços estendidos

À espera de uma esmola da família!

 

E a tristeza vai fazendo-se acúmulo!

Quiçá os filhos e os netos algum dia

Ponham flores diante do meu túmulo

Numa visita sem razão ou serventia!

 

O abandono é o mal que mais afeta

Aqui vivemos todo peso deste dano,

Tal e qual um esquecido lixo humano

Cujo funéreo varredor faz a coleta!

 

"Ah este mundo por misérias esmagado!"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Moreira Júnior
 
  • Autor: Moreira Júnior (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 3 de Janeiro de 2023 00:11
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 21

Comentários2

  • Carla fernanda ramos

    Que poema emocionante e causa a quem lê vários sentimentos, parabéns poeta .

  • Maria dorta

    Triste mas verdadeiros os fatos narrados no teu excelente poema! O fim da vida no abandono da família e dos " amigos" é fato verificado nos asilos. E ainda nos
    dizemos " humanos"?! Parabéns pela tua sensibilidade e tua arte poética. Chapéu!



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