AINDA ESTOU CHEGANDO 

Na corrida desta vida, no início, eu não sabia
Se corria só por mim, ou talvez por mais alguém
Aliás, nada sabia, pois ainda era um neném 
Na torcida um alguém que de perto me assistia
Chamava o meu nome, dando água pra beber 
Falando bem baixinho: "essa você vai vencer" 

Meus passos, indomados, careciam de ajuda
Sem noção de onde ir, e oque tinha mais à frente 
A distância da estrada, e d'um colo dependente
Quisesse levantar era um Deus que nos acuda
Um sorriso angelical ante rostos conhecidos
E o braço maternal pra sentir-me protegido

Os trechos do percurso entre retas e subidas
Não retinha os anseios do vigor da juventude 
Quando à caça ao prazer tocou minha virtude
Fui a dias de loucuras e a noites mal dormidas
Desde flertes vivaldinos à amante sonhador
Da cegueira da paixão à sofrência por amor 

Um prêmio na chegada, uma leva de amigos
Como cartas no baralho pra serem sorteadas 
Brusco e sem trapaças, uma a uma retiradas
Sem preparo pra correr, se ignoras os perigos
Eu relembro um ditado que alio ao esporte
"A morte e o amor sempre vencem o mais forte" 

Não sei o quanto resta té a linha da chegada
Se tem festim de fogos e gente pra aplaudir 
Se hinos de vitórias ao fim eu poderei ouvir
Somente eu imagino uma cidade enfeitada 
Aquele corre-corre dos adultos e crianças 
As medalhas dos heróis, as fotos e festanças 

Caso saia vencedor, inda que não o primeiro 
Já dar-me-ei por contente, de estar realizado
Quem sabe um poema eu recite aos convidados 
Esta vida é um desafio, sou apenas corredeiro
No caminho faço trovas, e poemas tô versando
O Ano Novo vem aí, e eu Ainda Estou Chegando