Fixei meu olhar em um pássaro verde
que sorrateiramente pousou no beiral da casa.
A primavera cheia de cores que este ano não notei
Se despede alegremente como sempre fez
ano passado no mês de dezembro
quanto eu ainda tinha a sua companhia
os dias eram alegres, eu me lembro.
O verão começa hoje! E daí?
que graça tem o sol sem você aqui?
as nuvens como uma criança travessa
desenham figuras geométricas em um céu azul
rabiscos brancos que se movem pacientemente
se desfazendo diante do olhar de um observador
e eu aqui na terra abraçando a minha dor
tentando ver a beleza na mudança das estações
querendo superar a distância de dois corações
um que bate dentro do meu peito
e um outro pulsando longe de mim
meus últimos meses tem sido assim
uma epopeia as avesas
os versos cheios de feitos gloriosos e lendários
substituídos por rimas ao contrário
narrando os últimos acontecimentos da minha vida
a melancolia personificada para além do imaginário.
A noite chega e a lua nasce por de traz da floresta
grande e deslumbrante como é a rainha da noite
pairando sobre as copas das árvores
oferecendo claridade para o caminhante noturno
banhando com a sua luz prateada lagos e campos
enquanto eu caminho apegado aos meus desencantos
seguindo por uma estrada sinuosa e comprida
desejando encontrar um coro de pássaros em cantos
não sei para onde meus passos finalmente me levarão
tomara que seja para perto das batidas do seu coração.
Pedro Trajano
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Autor:
Trajano (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 28 de dezembro de 2022 10:40
- Categoria: Amor
- Visualizações: 17
Offline)
Comentários1
Mesmo com o coração em pedaços ( pode ser tudo criação poética) seus versos ainda encharcados de dor,revelam seu e engenho e arte com categoria e arte. Tua dor lateja deveras. Não me parece aqui ser um fingidor,como Pessoa dizia de todo poeta. Belo e sentido poema. Aplausos!
Obrigado
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