No estrondo da chuva, o epitáfio é escrito.
A morte não alcança o que a vida deixou
Mas escreve com ardor.
Às vezes quem morreu não falou.
"Essa minha vida nunca viu dor ou algum dissabor
As pedras que jogaram em mim
Fiz de escada meu sucessor."
A chuva passa, e alivia as lágrimas deixadas no vão da terra
O epitáfio é escrito e lido para seu grande amor.
"Não vou esquecer a fábula do nosso encontro
Da meia noite sem sono,
Que me fez ter lindos delírios.
E vou levar comigo o teu imenso sorriso
Para iluminar minha noite sem você."
O sol chegou, o cadáver já se encontra em solidão.
No caixão a tenra saudade
Mostrará o epitáfio a sua verdade.
" Não vou ver mais o céu azul
Não vou ver mais a luz raiar
Na escuridão dos braços mortais vou ser carregado.
É o gado dos viventes.
A vida ser levada pela morte
Mas a morte nunca vai ter vida em sua rede."
- Autor: Cruz e Araujo ( Offline)
- Publicado: 20 de dezembro de 2022 18:11
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 3
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.