A melhor de todas

Vênus



O príncipe a procurou

Em várias outras moças,

Em seus cachos negros,

Em seus lábios rubros,

Suas peles rosadas.

 

Ele a procurou

Em cada verso que escreveu,

Em toda esquina que virou,

Nos lugares que frequentou,

Em olhares e sorrisos.

 

Tanto procurou, que encontrou!

Ela transpirava gentileza e doçura,

Sua aparência atendia a cada um de seus requisitos,

Seus jeitos eram compatíveis,

Era perfeita pra ele!

 

Porém havia um grande abismo...

Ela não aceitava o seu jogo.

Pois, seu coração já tinha dono.

Furioso, o príncipe ficou

E fez seu pedido mais sádico

 

Pediu o coração da moça de presente

Já que não o conquistaria, o teria na marra.

Mascarado, na calada da noite, o arrancaria

Nem que tivesse que mandar sua própria alma arrancá-lo

Daquele seio feminino, que ele tanto desejava.

 

Ele a queria tanto, que não conseguia disfarçar.

Menina boba! Não percebia a malícia do rapaz.

E aos poucos, se iludindo,

Indo conforme o vento a levava.

Assim, ela foi enganada.

 

Ele a seduzia aos poucos, 

Sem que ela sentisse 

Ele a conduzia ao seu caminho

A pobrezinha se perdia pelo trajeto

Em algum momento, ela sentiu que havia um erro.

 

O príncipe se revoltou com ela, 

"me achas mal? Me consideras um homem safado?", perguntou 

Afinal, não havia nada pior que não ter seu maior desejo e não conseguir enganar a princesa 

Embora ele dissesse o contrário, precisava muito dela.

Não só de seu corpo, mas também de sua atenção e carinho.

Na verdade, ele a amava secretamente!

 

Sua mãe teria lhe dito

Que ele merecia a melhor garota de todas

E lá estava ela, a sua tão esperada princesa.

Princesa de outro "Príncipe"!

Ele evergonhou-se disso.

 

Não aceitaria perder um jogo.

Príncipes não perdem nunca!

O coração dela era o prêmio,

Mas ela não o entregaria

A quem não estivesse dentro dele.

 

Sendo assim... o ato se concretizou

Aquele coração, o príncipe roubou

Com a crueldade de um nobre amigo,

Ao máximo, se aproveitou 

Para seu próprio deleite, quase que a usou

Em um breve momento de insanidade, uma outra moça, ele encontrou

 

Essa era a mesma moça, só que diferente.

Pois, não admitia ser tratada de tal forma,

Exigia respeito, consideração.

Não se rouba um coração na marra, não!

Se deve conquistá-lo, rapaz!

 

Tal como uma onça

Feroz e corajosa, 

A princesa se defendeu

E provou que não precisa de príncipe ou tigrão

Pra livrar sua delicada pele das armadilhas do coração (dos outros). 

  • Autor: Venus (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 29 de novembro de 2022 13:02
  • Comentário do autor sobre o poema: Faz bastante tempo que escrevi esse pequeno texto e pra ser sincera, eu não pretendia publicar. É uma provocação indireta, não a alguém específico. Quis transformar em um conto de fadas a situação em que uma garota se defende e exige respeito da parte de um rapaz que a quer quando o sentimento não é recíproco, pois acho que isso não torna uma moça menos "princesa" ou menos admirável, mas a raiva do rapaz diante de tal situação só demostra uma coisa que eles nunca admitiriam: ego ferido.
  • Categoria: Conto
  • Visualizações: 14
Comentários +

Comentários3

  • Maria dorta

    Concordo contigo em genero,número e grau! Todas temos que ser respeitadas. Não fomos feitas para servir de festim às bestas masculinas. Aplausos!

    • Vênus

      Muito obrigada, querida Maria Dorta. Fico contente demais com seu comentário. É triste ver como essa situação se repete em nossas vidas, como é difícil achar um homem que aceite apenas nossa amizade, que não fique tentando nos manipular.

      • Maria dorta

        Você ainda tem muito a aprender. Só o tempo vai nos ensinando melhor a agir. Mas,nunca perca a esperanca,nem seu brilho.

        • Vênus

          Muito obrigada pelos conselhos!

        • Anaaf

          Que poema lindo, parabéns!!

          • Vênus

            Muito obrigada 🙂

          • Sergio Neves

            SERGIO NEVES - ...tá lá no "Comentário Do Autor Sobre O Poema": -..."Faz bastante tempo que escrevi esse pequeno texto...",...pequeno?...com que estranha "régua" tu mediste?...,...tá doido, sô!...tá é comprido pra dedéu, isso sim! ...bom, na verdade isso é só um detalhe,...pequeno ou não, não importa...,...o que importa aqui é a evidente capacidade que demonstras ter pra "inventar" essas hi(e)stórias em forma de poema...,...demorei nem sei quanto tempo pra ler tudo, mas, valeu a pena!...,...gosto desses matreiros "quezinhos" filosóficos que inseres nesse teus escritos...,...acaba por fazer-nos pensar sobre as entrelinhas (...talvez nem seja essa a tua intenção, mas, acontece...),...e esse tal "príncipe", heim!...quem ele pensa que é?...ô sujeitinho mais desorientado, sô! // ...me fez muito gosto a leitura, menina... /// Meu carinho.

            • Vênus

              Muito obrigada! Sobre o tamanho do texto, bom... Em minha defesa, ele parecia ser menor no aplicativo que uso pra fazer os rascunhos do texto, eu acrescentei mais coisas com o tempo hahahahah por isso ele acabou se tornando tão grande e eu nem me liguei nisso quando o postei. Realmente, não faço isso de propósito, mas gosto muito dessa ideia de colocar a "princesinha" como uma pessoa diferente de como vemos nos contos e mostrar que alguns príncipes não são tão bonzinhos assim. Acho que estou um pouco cansada de ver as mocinhas como garotas indefesas que precisam chamar um homem pra bater no vilão (não que eu seja tão forte assim, mas acho que essa imagem da mulher boazinha e submissa que vemos tantas vezes, só trás mais insegurança pra toda garota). Mais uma vez, muito obrigada! Beijos! 🙂



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