Seu corpo sendo devorado por larvas e você imóvel?

Elas estão no controle.

E você? Um traste inflado, rijo, gelado, apodrecendo entre tules, cetins e flores murchas, na escuridão de um caixão coberto por terra.

Por que não subiu em minha vassoura quando o convidei?

Por que negou meus chás, minhas poções?

Do lado de cá a vida, soberba e ingênua, avança sobre a morte..

Que gosto terá sua carne morta em decomposição?

Minhas reflexões são mórbidas.

Eu gostava de suas pernas, de seus tremores, de cheirar e lamber as partes internas de suas coxas, suas virilhas...

Eu o degustava com satisfação.

E agora os vermes disputam suas bolas, seu pênis, milhares deles deslizando sobre sua pele, penetrando suas entranhas.

Nenhum tesão!

Orgasmos?

Quem sabe?!

Lembrei-me das formigas, aquela organização invasiva, solidária e sórdida.

Que frio!

Que escuridão!

Mau cheiro, parasitas, gases, suco.Se não fosse o cheiro da morte...

Gostaria de mais uma noite...

Eu e esta minha luxúria cadavérica.

Penso em você.

Sinto náuseas!

Poderia ter sido na água, no fogo, no ácido, fodendo comigo, ou com outras quaisquer.

Mas surra de corno? Hemorragia, coágulos, fraturas...

Surra de corno?

Sinto sua falta.

Preciso de um banho quente, espuma, cremes...