Escute o vento, não é possível lembrar
A energia dessa cidade é ruim demais para sentir
Os campos que deveriam ser nosso abrigo viraram ruínas de lodo e esgoto
Estamos tão abaixo, baixo demais, para entender que o mundo está morrendo aos poucos

Mas os que estão acima, lá em cima
Olham para nós com desdém, porque o dinheiro está sussurrando nos ouvidos
Deveríamos queimar todo esse papel mal lavado
Entenda bem, que o mundo é real demais, não posso entregar meu sonho no papel

Eu já entendi, porque apanhei mais do que pensei
E eu estava escutando as coisas abaixo, baixo demais, na água
Afundando aos poucos ao ritmo das bolhas que subiam
Quem diria, o lago é mais fundo que eu calculei

Procure o sentido onde não há, remonte o mesmo quebra-cabeça
A noite está subindo nas nossas cabeças, antes de perceber, já estou dormindo
Sua voz tem ficando mais distante, esse pesadelo atual que não acaba
Apertando os botões, os números, ouvindo a confirmação, sabendo que é mais um número na malha fina

Eu quero abrir a porta, eu quero sair voando daqui
Mas essas correntes estão me deixando cada vez mais parado
Estão cortando minhas asas, esses palhaços que se diziam amigos
O coração continua batendo, ainda estou sorrindo, meus olhos ainda brilham, então eles estão bem abaixo, muito baixo de mim

Então vamos sair dessa distopia que criaram
Essas cores que me dão ânsia, esse lugar é lama demais para andar
Não vou afundar, porque por aqui eu ainda sei nadar
Não adianta tentar me convencer nem me comprar

Porque eu desgosto da ilusão e da visão limitada
Não conseguem entender o quadro, não consegue ver o mapa....
Eu tenho que manter minha cabeça acima da água, em cima, para não afundar....