Corpo?
Presente!
Quem falou?
O espírito do morto, imagino...
Isso não existe! Foi algum pervertido, amigo dele. Talvez se considere seu mensageiro. Presunçosos e charlatões estão por toda parte.
São verdadeiros os comentários na cidade?
Não desta vez. Os boatos são inconclusivos. Eu diria melhor: insuficientes. Ele foi vítima de overdose.
Então talvez ainda esteja alucinado e o "presente" é um efeito tardio. O cérebro humano é misterioso o bastante para isso ser possível. Muitos defuntos roncam, alguns arrotam, peidam... Já falei sobre isso noutro conto.
Dindin não usava drogas. Estou falando de uma overdose de sexo, uma orgia macabra, violência extrema.
Ele continuou mesmo após ser decepado por Gilda?
Grande Gilda! Mas, e daí? O pênis é a essência de sua vida sexual?
Você sabe que não. Faço com você e já fiz com Gilda, Flora...
Flora? Flora é sua píton!
Esqueça!
Esqueça? Você está envolvida sexualmente com sua cobra de estimação? Irei denunciá-la.
Sim e não. Não deveria ter citado Flora. Veja! Temos aqui um cadáver falante, libidinoso e sem pau. E eu estou eufórica para obter mais informações. Era gay? Ou bi?
Era tudo. Seria preciso acrescentar letras ao alfabeto para definir sua sexualidade.
Vão doar a coleção de vibradores? Eu quero!
Essa pergunta é degradante! Melhor não falar sobre isso por aí. E ele detestava vibradores, usufruía de outras opções e era bem criativo.
Afinal, qual a causa da morte?
Esganadura, embolia pulmonar, as porradas, todas imploradas por ele. Havia hematomas, coágulos de diversos tamanhos por todo o corpo E encontraram grande quantidade de esperma em seus pulmões, quantidade suficiente para matar uma baleia. Seu sistema respiratório estava todo fodido: sangue, porra, cocaína, o Diabo a mil! E tem mais: um de seus tímpanos foi esfacelado, possivelmente por algum brinquedo sexual; sua língua foi perfurada dezenas de vezes por uma agulha de seringa, o legista detectou Lidocaína injetável no órgão. Otávia! Seu pênis!? Por favor! Está visível Tente contê-lo.
Estou excitada! Isso é demais para mim, para ele...
Deixe para mais tarde.
Irá me ver?
Pode ser...
Continue! Tenho certeza de que há muito mais.
Controle sua excitação. Vamos nos afastar um pouco do caixão. Em síntese e sem a mínima pretensão de concluir: seus mamilos descolaram devido a queimaduras de terceiro grau, muito possivelmente feitas por chamas de isqueiro; seu tórax parecia um cinzeiro humano, mais de duzentas feridas frescas e nem tão frescas, algumas já cicatrizadas... E o pior: a hemorragia retal.
Enfiaram um cactos no cu dele?
Não! Uma garrafa de cerveja. O imbecil não satisfeito em transbordar o cu do Dindin, tentou tirar a garrava para enfiar no próprio orifício, estava delirando de tesão, quase gozando. Gozou quando puxou pela segunda vez e viu as vísceras do aparelho digestivo de nosso bom amigo sugadas pela garrafa.
Como assim? A sucção foi capaz de extrair seu reto, intestinos, estômago, esôfago e até sua faringe?
Não tudo isso. Estou falando de uma garrafa não de um sugador de fossa. Você está empolgada demais.
Foi homicídio culposo?
Tudo foi gravado. Claro que ninguém será preso. Dindin tinha problemas com a justiça, e diversos envolvimentos sexuais com ela.
Ela? A justiça?
Indiretamente. Era amante do Coronel J.B. Lobo, da Juíza Telêmaca. Há outros, mas esses são suficientes.
Alguns deles estavam lá? Ou um ao menos?
Dois. E não direi seus nomes. Dois e ponto.
Tudo bem. Estou pensando: será que ele gozou?
Quem?
O Dindin?
Imagine! Gozou muitas vezes. Morreu gozando.
Como sabe? Estava lá? Estava?
Cale a boca!
Estava?
Sim.
E o que faz aqui?
Metade dos presentes estava lá. Todos fantasiados, góticos mascarados e muito bem maquiados. Você não imagina o poder de certos tecidos, cremes, maquiagens... Dão trabalho à justiça, entende?
Sim, e não me importo tanto com isso. Estou preocupada com seus minutos finais. Ele gritou? Pediu para parar?
Ele gritou muito, vociferou num delírio fascinante de prazer e horror extremos. O cara da garrafa era um sádico, enorme mas com um pinto de musaranho.
Musaranho?
Musaranho, um mamífero menor que um camundongo, seu pênis mede 5 milímetros. O incrível foi ver aquele desgraçado ejacular como um elefante e uivar como um lobo. Foi tão assustador que um vizinho decidiu chamar a polícia. O filho do tal vizinho estava lá, e um de seus irmãos nos avisou. Partimos para o plano emergencial. Dindin e a desconhecida foram deixados para trás. O socorro logo chegaria.
De que desconhecida está falando?
Uma jovem estranha para mim. Ela estava passando muito mal, sangrando muito, foi levada para o hospital e, durante os exames, os médicos identificaram diversas lesões sérias iniciadas no monte de vênus, passando pelas trompas de falópio até chegar ao útero, onde encontraram o negócio dele num tubo quebrado.
O que encontraram? Como essa infeliz tinha "o negócio dele" num tudo em cacos dentro de si? Que "negócio" era esse? Você está omitindo informações.
Não estou, não! Tenha paciência! Após Gilda tê-lo mutilado naquela noite, nosso dedicado amigo foi hospitalizado, tratado... e, quando voltou para casa, trouxe seu pau num tubo feito sob medida: 18 centímetros de comprimento e 4 de diâmetro. Seu companheiro permaneceu firme e ativo até dois dias atrás. Talvez tenha sido por maldade, afinal, eu sei, o tudo era muito resistente. Por isso DIndin não gostava de vibradores. Era como se seu pênis tivesse vida própria após ter sido separado de seu corpo. Ele não o ofenderia de modo algum; costumava protegê-lo num segundo tubo durante esses encontros, ou essas orgias furiosas.
Olhe! A porta! O padre está chegando? Terá missa de corpo presente.
Privilégios de um homem com muitos amigos íntimos.
O padre?...
Sim. O padre.
- Autor: Duzai ( Offline)
- Publicado: 30 de agosto de 2022 00:40
- Comentário do autor sobre o poema: Verdades, mentiras, sexo, dominação, submissão, viol?ncia, morte.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 23
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