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Era um dia quente, mas gostoso de se sentir na pele. O céu azul e as nuvens cintilando sua cor mousse, ou algodão doce. Eu estava em uma mini banheirinha, acho que de cor azul suave ou rosa como um danoninho - não me lembro muito bem - brincando com um patinho de borracha, aproveitando a água naquele dia quente. Meu pai - não sei se posso chamá-lo assim - estava me dando banho e brincando comigo. Nós estávamos em uma área, no quintal, com aquelas porcelanas vinho opacas todas molhadas. Meu primo estava me olhando e rindo, mas não estava no meu banho.
Por um breve período, tive um momento de consciência, eu sabia tudo que estava acontecendo. Olhei fixamente para os olhos de meu pai e ele retribuiu. Após pequenos segundos me encarando, parou de sorrir, entrou em casa e sumiu na escuridão. Foi ali a primeira vez que me senti sozinha e abandonada.
Eu queria o seu carinho, o seu afeto e a sua atenção. Não sabia que sentimento era aquele que percorria pelo meu coração... Anos dps descobri que era a sensação de abandono, a solidão. Eu não sei o motivo daquilo ter me machucado tanto, mas eu só me lembro desse dia como uma ferida que nunca vai ser fechada.
Realmente não sei o que se passou pela minha cabeça naquele dia. Só era uma criança que de sentiu abandonada e apenas ficou calada engolindo aquele sentimento.
Me sinto dessa forma até hoje... E onde está você, pai? Anos se passaram e eu ainda continuo lutando por seu amor, por sua atenção... Estou cansada disso
- Autor: alice bellerose ( Offline)
- Publicado: 29 de agosto de 2022 16:40
- Comentário do autor sobre o poema: Dolorido abrir de olhos = metáfora que se refere ao momento em que tive consciência de minha vida e o que estava acontecendo ao meu redor, mesmo sendo uma criança.
- Categoria: Triste
- Visualizações: 7
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