Um Belo Moço

Um Belo Moço

Mascara sobreposta, sentimento ocultado
Sem Coragem, sem rédeas e redais, se estereotipa e segue calado

Enfadonho ciclo.
Nunca termina, nunca o liberta,
não sai da rota, segue programado, passa pelo buraco, ignora a imensa porta aberta.

Dentro um poço, agora seco, vazio, mas cheio de amargor
Se ocupa, se desculpa, se preocupa se machuca.
Mais uma atadura, só mais uma cicatriz.
Se contem, Se mostra feliz.
Ele se segura, retém a ruptura, se simula,
Machucado, sangrando, mancando se mistura de forma obscura.
Mantem Postura.

O Terno Azul esconde as pesadas correntes amarradas em suas costas.
A gravata é mero apetrecho, disfarce pra quando precisar de uma corda.
Sua pasta é feita com seu próprio couro, nela transporta toda Solidão que já não cabe mais em seu peito, leva também amargura que vazou da última vez em que a vida lhe esfaqueou.
O buraco continua aberto, jorra, transborda.

O relógio cobre a última tentativa frustrada e fracassada de liberação.
O ponteiro já não anda, nunca andou, não funciona, tempo é mera ilusão.
Sapato brilhando, lustrado, mas é pequeno, seus dedos se encavalam, se atrofiam, é de veras apertado.
O Solando é furado, já não bloqueia a brasa onde pisa, os cacos os pregos enferrujados.

O sorriso sim, Esse é lindo, esse o salva, vive sorrindo, sorrindo de canto, acanhado, mas sorri sem pausa.
Ele não se comunica muito, para isso precisa cessar o sorriso, abrir sua boca se expressar com palavras, não faz pois tem vergonha,
Vergonha de mostrar seus dentes amarelos, Efeito longínquo da agua suja que mata sua sede.
Vergonha que sintam seu bafo fétido, Fruto de uma podridão interna.

Já é tarde, hora de ir pra casa, mais um dia produtivo,
Mais um dia iludido
Mais um dia
Um dia...
Um dia que não amanhecerá
Uma noite que permanecerá.

Onurb 24/08/2022