Heidlara

SENHORA DAS ROSAS

O tempo deixa marcas que jamais poderam ser esquecidas, fica registrado no papel ou na memória da vida. O passado se foi e o presente está instável e agora o futuro está meio que abalado, com os acontecimentos recentes que estão ao nosso lado.
As roseiras eram maravilhosas, brancas, vermelhas, amarelas e vinho, cores que não poderam ser esquecidas, nem por mim e nem por aqueles que já passaram por ali. Me lembro agora dos espinhos afiados, que machucavam ela e a deixavam com dor, mas com tudo isso não as abandonavam, pois eram os seus amores.
O seu sorriso era contagiante quando eu chegava para visita-la, ela amava aquela criança e eu amava aquela senhora das rosas, não que eu não a ame mais, o meu amor aumentou, mas agora não sou mais criança, então tudo mudou.
Aquela rua é a segunda rua preferida minha, pois lá abitava a minha vó querida, as minhas amigas de infância e a senhora das rosas. Uma época maravilhosa que marcou minha vida, onde eu arranquei a tampa do meu dedão e cicatrizei várias dores escondidas.
Minha vó era e ainda é amiga da senhora das rosas, amizade verdadeira que quero guarda na memória até o meu último suspiro, amizade verdadeira que quero cultivar com todos os meus amigos, amizade verdadeira que muitos já esqueceram como se faz para ser mantida.
Quero entender como tudo mudou, em uma hora eu tinha planos e de repente tudo se desfez.
 As brincadeiras na rua da vovó pararam , as gritarias das crianças se perderam, vovó se mudou para uma rua mais distante e o meu reino encantado se desintegrou. A senhora das rosas foi ficando mais fraca, as lembranças foram ficando pesadas, meus planos tinham sido arrasados, tudo ficou diferente.
Eu cresci e sempre que posso passo por lá, aquela rua me marcou de um jeito bem engraçado, parte da minha infância foi lá e não me vejo em outro lugar. Minhas amigas ficaram lá, a senhora das rosas também, uma parte minha ficou lá e isso só eles tem.
Percebi que o tempo não tem tempo para ficar esperando as coisas acontecerem, ele passa rápido sem esperar por ninguém, aproveitar os momentos é a melhor coisa que tem, então vamos aproveitar, pois não sabemos quanto tempo ainda temos.
Nesse momento eu escrevo isso, as lágrimas querem meio que descer, a realidade está batendo na minha porta, mostrando que eu cresci e que as coisas mudaram e mais coisas estão vindo por aí. A minha infância me deixou, eles me deixaram, a senhora das rosas está doente e pode me deixar também, a dor quer vir atona e eu não sei o que fazer.
As lembranças passam na minha memória como um álbum cheio de fotos, momentos chocantes e felizes, momentos da infância que tive. Agora toda vez que eu ver uma rosa irei me lembrar daqueles momentos, momentos marcantes.
Quero fazer um pedido...
Faça aquela visita que você fica adiando, abrace, sorria, peça perdão o quanto antes, pois o tempo não espera e sem nem da conta tudo já foi, se perdeu. Leve rosas enquanto pode respirar é mais prático e a pessoa ainda vai poder ver.
Senhora das rosas, não sei se a senhora vai escutar essas minhas palavras coisadas, mas quero que saiba que a senhora marcou a minha infância e a minha adolescência, agradeço por tudo e peço desculpas por não ter te visitado mais. Estou torcendo para que tudo fique bem, amo a senhora e vou fazer o que puder para essa fase adulta minha ser a melhor, vou aproveitar e sorrir, vou visitar e brincar, vou chorar e agradecer.
Obrigada por tudo.
Fique bem.
Ass.: Heidlara Meireles

  • Autor: Heidlara (Offline Offline)
  • Publicado: 18 de Agosto de 2022 19:40
  • Comentário do autor sobre o poema: Essa escrita minha foi uma homenagem, para uma das grandes amigas da minha vó, que já não está entre nós! (Mas quando eu escrevi, ela ainda estava viva e ainda escutou). Na verdade.... Nem essa grande amiga dela e nem a minha vó. Saudades eterna!
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 11


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.