Poeminha do Mal II

Duzai

Quisera eu, com meu poema, asfixiar, sangrar, esfacelar sua ideologia de estábulo.
E, como fazem as poetas malditas por natureza,
Arrancar e atirar longe essa máscara ardilosa que esconde sua face. Sua face morta.
Morta de medo, morta de vergonha, morta de rir.
Eu rio de você, com e sem máscara.
Nós.
Fluidos corporais: gases, vômitos, diarreias, palavras.
Minha pele filtrada.
Boca espumante,
Dedo na cara.
Pernas fechadas: dou, não dou...
Mil infernos dentro de mim.
Eu fecho a cortina para não agourar meu dia.
Ovo podre! Galinha choca!
Estourou no mundo, cuspiu meu embrião psicótico.
Meus versos, meu travesseiro, minhas unhas crescendo
Tenho mágoas, tenho dó,
Sou um circo, sou um rancho, sou uma vaca.
Toctoctoctoc
Faça amor com um palhaço e goze rindo na roda de fogo.
Estou repleta de hematomas.
Que surra, meu Deus!
Chicote? Sim, com ponta metalizada.
Tantos céus sobre minha cabeça...
E nenhum sobre suas costas?
Vomitei uma serpente.
Quer uma jaca? Um nabo? Um chuchu?
Sopa de lesma, leite de baleia, panqueca e pancada.
Profissão: matadora de poesia.
Quisera eu matar a mentira a socos e pontapés.
Vê-la se contorcer, se encolher como um verme exposto ao sol.
A culpa é sua por despertar em mim o pior sorvete do mundo.
Alô, mamãe! Alô, papai! Donas de casa! Alô, Dona Maria!
Ovos fresquinhos direto do cu.
  • Autor: Duzai (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de julho de 2022 21:21
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 8
Comentários +

Comentários1

  • DAN GUSTAVO

    Gostei, hein...! Clap-clap-clap-clap..! Todo um lirismo cru, com um quê de surrealismo, uma certa marginalidade sem perder a ternura...Lindo, Duzai...! Um bom dia e seja bem-vinda!

    • Duzai

      Oi, Dan! Obrigada. Obrigada por suas palavras. Um excelente fim de semana. Abraço.



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