Sinto saudades
Uma saudade doída
Uma saudade que me machuca
Uma que eu não queria sentir
Mas sinto
Eu não reli suas cartas
Eu não toquei de novo nos seus presentes
Eu não procurei suas fotos
Eu não reli minhas poesias melosas que sempre te dediquei
Porque eu tive um medo terrível, de sentir sua falta
Eu me apavorei de relembrar um amor tão imaculado, quanto aquele
Porque teve um pedaço dele, tão lindo
Um pedaço de amor tão doce
Eu me doei por esse pedaço
Eu me machuquei por ele
E eu amei isso
Eu fiz promessas impossíveis
Eu me coloquei na reta de um penhasco
e estava disposta a pular dele
Eu era poesias escritas com muito amor declarado
E você lia todas
Você me dedicava palavras bonitas
E eu as repetia enquanto dormia
Eu te conheci
Eu sabia da sua dor
Eu sabia de tudo
E eu sabia que não podia te salvar
Eu achei que aguentaria
Eu achei que não me quebraria
Eu achei que isso não me mataria
Eu torcia para você se recuperar
Eu disse que, mesmo que doa em mim, mesmo que meu coração sangre, eu sei que não posso te salvar e sei que se tentar só irei te machucar, mas posso fazer uma escolha, e eu escolho ficar
Eu te recitei isso
Eu te prometi isso
E eu quebrei isso
Porque eu não pensei que fosse perder tanto sangue
Eu não pensei que assistir de braços cruzados era tão apavorante
Eu não fiz nada, nem vou fazer, não vou te ajudar, não vou catar seus pedaços e nem os colocar no lugar, porque se não, depois, você só irá se curar com as minhas mãos. Mãos que nunca foram de cura.
Eu também rimei essas palavras
E eu menti
Porque eu catava cada migalha sua, que você deixava por aí
E elas escorriam pela minha mão
Eu tentei te colocar no lugar
Eu tentei respirar por você
Porque não suportava te perder
E você se sufocava
Você jurava que minhas mãos eram sagradas
Eu estava pronta para pular
Eu estava firme
E depois eu não estava mais
Dizem que o mundo tem um paradigma
Ele inventa situações para testar
Se você realmente superou algo
Ou só ignorou uma certa dor
Ele quer ver se você vai se escolher
Ou se vai pular desse penhasco de novo
E eu precisei me escolher
Porque eu não podia pular com você
Eu sei que você não queria a minha companhia
Mas você me puxou para a mesma queda livre
Quando pela primeira vez você implorou por lágrimas de compaixão
Quando pela primeira vez você subestimou minhas dores
Eu não posso oferecer essa atenção, ficar dando essa validação
Eu tive um medo, um obscuro, de te desmontar
De sair, e você pular implorando para eu ficar
Eu me machuquei me esforçando para ficar
Porque você fazia parecer que sem mim você iria se jogar
Caso eu saísse, você ameaçava pular
E no final você pulou
-A todos aqueles que não podem garantir a vida de ninguém
- Autor: mars ( Offline)
- Publicado: 16 de junho de 2022 22:23
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 12
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