O câncer o levou

Para onde quer que, eu olhe, sua presença, é lembrada em cada canto desta casa.
Parece mentira, que você se foi.

-Mas, é verdade.
Tua presença, ainda e sentida.
Teus Beijos...
Teu cheiro...
Teu gosto em minha boca.
Sentada no parapeito de nossa sacada, com os olhos cheios d'água.

Relembrando e lembrando 

Me lembro de nosso primeiro beijo.
Meu primeiro beijo, foi com você.
Você foi meu primeiro homem e meu único amor.
E você, não está mais aqui.
O câncer o levou, para longe de mim.
E... dói tanto.

Dói tanto, não telo, aqui, comigo.
Sentada na sacada...

Relembro e lembro de nossos doces momentos juntos.

Quando, eu tinha medo, corria para teus braços e todos os meus demônios, se iam, para bem longe.
Você era meu refúgio ....meu refúgio!
Eu sei, que você sempre estará vivo, em minhas memórias.
Mas ... eu quero você aqui! 

Comigo

Em carne e espírito

Ou somente espírito. 

Me assombres!

Me enlouqueça 

Mas, não há nada. 

 

É, só, em memórias.
-É doloroso, não telo.
Depois, que você morreu
Me afastei de tudo e de todos.

Me tranquei em nosso quarto.

Peguei sua camiseta favorita, deitei na cama e chorei sua falta. -Choro até hoje.
Meus demônios...
Agora, me perturbam, toda noite.
Eu não consigo mais dormir. 
Eu tomo remédios
Eu estou definhando

A base de medicações. 
Morrendo lentamente
Sem você. 

Não há esperança. 

Eu não consigo viver
Nem sobreviver.
Estou no meu modo automático
Sua mãe e a minha mãe que cuidam de mim.
Mas, o tempo passa...
E, eu não consigo sentir nada, além daquela velha e tão conhecida dor.
Estou entorpecida.
Sua mãe... se recusa a sair do meu lado.

Amor... eu descobri que estou grávida. 

Mas, não consigo ser feliz. 
-Isso não é ótimo?
Sua mãe é quem, me faz comer.
-Eu tento. 
Por causa do bebê. 
Ela que controla tudo agora, acredita?
Ela se recusa em deixar um pedacinho que ainda vive de você. Nosso bebê.

Se ir. 

Isso que a mantém "sã". 
Mas ....
Eu me sinto tão culpada.
O bebê sente tudo, o que sinto.

Eu tento sabe... ao menos sobreviver mais, é tão difícil.

Sentada em nossa sacada.
Olho, para minha agora, então volumosa barriga, acaricio.
Suspiro.
E penso, no quão feliz, você estaria com minha gravidez.
-Você sempre quis ser pai.
E, você não está aqui, para presenciar este momento.

Só não me matei ainda, por causa do nosso filho.
-Eu te amo tanto!
Eu queria ter morrido com você.
Eu queria ter ido com você.
Oh!

Na nossa sacada, eu fico sempre.
Na nossa sacada ...
Eu sempre lembro e relembro de nós dois.

Não há alívio, nesta terra, sem você.