Lisafitz

Tudo o que meu querer te causou

eu queria agora, eu queria ontem e vou odiar se eu ainda quiser amanhã. Eu venho querendo há muito tempo e nunca quis tanto uma coisa quanto não querer esse desejo.
Não sinto borboletas no estômago, sinto a dor de um milhão de enxames me destruindo por dentro sem que eu possa morrer. VOCÊ é eu ter ido à guerra e voltado sem uma
parte do corpo, um membro fantasma. Me assombra tal qual um e ainda sinto teu membro mesmo que nunca tenha estado aqui, diferente do teu coração. O tenho na palma da 
mão e amaldiçoo qualquer lugar que tu vá e o tente deixar. Nunca vou te deixar ir, não enquanto não voltar pra se despedir, mas não da maneira que chegou. Quero que se 
despeça de mim, inteiramente em mim. Quero que esteja aqui. Que emita todos os sons que eu calei. Que teu timbre manifeste toda a raiva que eu sei que sente de mim.
Que tuas veias queiram se enroscar em meu pescoço só pra que eu me sinta dependente de ti. como se tu não soubesse que eu sou. dependente de ti. Eu odeio só poder te
encontrar em rostos desfocados, em folhas amassadas, em vidros embaçados pelo suor que eu queria provocar em ti. Odeio o espaçamento físico, mas odiaria mil vezes
mais tu ao meu lado com a distância do teu espírito. Eu sei que ele teme a mim. Ninguém gosta de ser aprisionado. Odeio não poder recorrer a ti. Mas amo que tu esteja
em segurança, longe do alcance do meu ego. Amo que você talvez tenha me esquecido, que tenha conhecido outros, espero que nenhum medíocre. Eu não te fiz bem, mas
não porque fui medíocre e sim por ter sido extraordinariamente minha e para mim. Por ter me guardado de ti no canto mais úmido e escuro do meu corpo, por não ter 
aberto a porta quando você fugia dos gladiadores do inferno. Por ter levado toda a minha família ao circo quando você era a atração principal, porque fui eu que te 
consegui o emprego. Por ter te feito andar quilômetros noite adentro só pra ver até onde você iria, e quando chegou o destino era a solidão com pedaços de chocolate
amargo, só pra te dar esperança. Por ter dado nome e sobrenome aos teus planos que você pensava serem nossos. Amo nem saber mais em que terra tu pisa. E odeio não ter
sido digna da tua grandiosidade. Amo que tu não tenha tido a mim, porque tu precisava e merecia mais. Odeio que eu tenha criado um reino onde anjos sorriem pra ti e tu
corre assustado. Amo não sonhar mais contigo. Odeio ter criado o bicho papão que mora dentro do armário. E por esse motivo você nunca mais usou aquela camisa xadrez
ridiculamente grande demais pra você, mas que hoje, convenientemente, caberiam todas as minhas frívolas versões que te tornaram o meu objeto de redenção. 

  • Autor: Lisa Fitz (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 26 de Maio de 2022 21:29
  • Comentário do autor sobre o poema: Não é bem um poema, é uma página de uma espécie de diário que mantenho e pensei em compartilhar.
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 18
  • Usuário favorito deste poema: Lisafitz.

Comentários1

  • Shmuel

    Legal este texto! Externou de forma contundente, um sentimento, ora envolto de prazer e paixão, ora polêmico em certas atitudes, movida pela ansiedade ou ciúmes
    Abraços!.

    • Lisafitz

      Agradeço pelo comentário, Shmuel, que bom que gostou. Um abraço e ótima noite.



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