EU. NÃO.CONSIGO. DORMIR.
Já tentei de tudo!
Não tem chá ou taça de vinho que ajude.
Toda noite acontece o mesmo:
Eu deito para dormir e eles começam.
É uma gritaria sem fim.
Eles, os poemas,
desordenados,
sem início,
sem fim,
sem rima,
sem métrica.
Mas sabe o que?
Eu parei para ouvir,
peguei cada um e resolvi suas questões.
Cada um deles,
um por um.
E adivinha?
A resposta era somente uma,
Não havia dúvida.
Ainda não acredito que demorei tanto:
Eles gritavam o SEU nome.
Mas sabe o que?
Eu não vou dizê-lo em voz alta,
não vou fazer o favor te tornar real.
Como posso dizer isso sem parecer uma louca?
Ah, esquece.
Relógio contando.
Ordem, poemas!
Lá vem.
Importante dizer que você tem opções boas,
Não é o meu caso.
Agora, vou dizer:
Se não vai me deixar dormir,
Ao menos tenha a decência de me notar.
Ou, você pode me dizer o porquê disso tudo.
Por que eu faço diálogos intermináveis
sobre algo que nunca aconteceu, nem vai.
Deixa pra lá.
Se não vai me notar,
ao menos tenha a decência de me deixar sonhar.
Quero sonhar com você,
não com o que eu inventei de você.
Por falar em sonhar:
Existem momentos,
em que a tua ausência me quebra.
Me dilacera em pedaços confusos de mim mesma.
E eu sou obrigada a ficar na cama,
juntando o aglomerado que restou de mim,
de forma que algo que faça algum sentido.
Nessas horas,
sonho mesmo sem tua permissão.
Sonho acordada.
É quase como se eu te sentisse aqui.
Por falar em sentir,
como você não tem a decência de me sentir aí,
na tua rua,
na tua casa.
Eu entrei pela varanda,
como vento.
Não qualquer um.
Eu sou o vento que abre a janela,
joga a cortina pra todo lado,
derruba coisas.
Como uma louca.
Frio na barriga.
Ansiedade.
Lágrima.
Tristeza.
Ausência.
Você.
Que não me deixa dormir,
não me nota,
não me diz o porquê,
não me deixa sonhar,
não me deixa acordar,
não me sente,
Nem mesmo me conhece.
Não me venha gritar seu nome por poemas,
eu não ousaria dizer em voz alta.
E ter a decência de te tornar real?
Eu não disse, mas escrevi.
Tenha a decência de ler.
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Autor:
Morpho Menelaws (
Offline)
- Publicado: 22 de maio de 2022 00:22
- Comentário do autor sobre o poema: O primeiro depois de anos sem escrever.
- Categoria: Triste
- Visualizações: 18
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