Já não consigo gritar como antes, minha voz não reverbera, não encontro ninguém a espera, então preciso escrever, colocar no papel aquilo que a voz não expressa. Com papel e caneta na mão, por vezes com uma música ao fundo, às vezes em silêncio profundo, meus gritos transformam-se em palavras, um amontoado de letras, rimas ou apenas versos sem sentido.
Meus pulmões já não inflam como antes, às vezes o ar fica rarefeito, uma dor ataca o peito, e para respirar novamente, imediatamente preciso escrever. Com papel e caneta na mão, eu transformo o ar do pulmão em frases de efeito, em crônicas sem jeito que eu insisto escrever. Por vezes algo que já vivenciei, noutras vezes em sonhos que ainda não realizei.
O meu coração já não pulsa como antes, às vezes fica quase parado, descompassado, não é um coração perfeito, não é mais um coração alado, então eu preciso escrever. Invento poemas, crio teoremas, insisto em temas de amor. Coração quebrado, partido, tantas vezes iludido, transforma em palavras a sua dor.
Eu já não possuo o mesmo tempo que possuía, meus dias e noites já não carregam tanta alegria, então preciso escrever. Busco na memória, aventuras e histórias que me trouxeram até aqui, amores perdidos, lugares esquecidos, amigos queridos, tudo aquilo que passou por mim. De um tempo que escrever não era prioridade, resta agora a saudade, lembranças de outrora que trago agora, sem tempo ou demora nas linhas da minha biografia.
Eu já não sorrio como eu sorria, às vezes eu choro, às vezes imploro para encontrar poesia, então eu preciso escrever. Escrever sem motivo, escrever porque estou vivo, escrever para não perecer. Que triste seria, uma vida em branco, sem o soluço ou o pranto que nos traz a poesia, em versos de dor, versos de amor, versos e palavras que conferem a cor e a sinfonia, do meu grito, do ar que respiro e das vezes que eu deliro insistindo escrever.
Jose Fernando Pinto
- Autor: Jose Fernando Pinto ( Offline)
- Publicado: 14 de maio de 2022 17:27
- Categoria: Amor
- Visualizações: 32
Comentários3
Pois é poeta José Fernando, às vezes o que nos salva é escrever, não é mesmo?
E ainda escrever essa beleza de poema realmente dever ter te feito voar...
Grata por partilhar essa maravilha.
Boa noite de sábado e um feliz domingo!
Gratidão querida Edla, boa noite! Sim, escrever é minha terapia, muito mais que poesia é a minha maneira de "conversar" com o mundo, com verso, com versos e poesias! Grande abraço!
Não importa se é versos de dor ,versos de amor, o importante que são lindos versos, que nos alegram e encantam, nossos corações!
Gratidão pela partilha, amigo Colibri Fernando!
Gratidão querida Geralda! Exatamente o que penso, versos são versos, não importa se alegres ou tristonhos, eles arrefecem meu peito! Grande abraço!
Eu entendo muito bem isto. Escrever pra mim é ao mesmo tempo um olhar pra dentro e um grito de socorro ao mundo.
Parabéns poeta por dizer isto com tanta beleza!!
Gratidão Antônio Olivio! Sim, os versos, a leitura, a literatura, uma das melhores formas de interação com o mundo, eu utilizo como desabafo também, grande abraço!
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