Epitáfio de um ano
Que está indo embora.
E em triste memória finda.
O que comemorar?
Fazer de um castelo
De sonhos lindo plano?!
Apologia à nababesca festa
Regada à comilança,
Bebedeiras e exibição
De grandeza à custa
De muitos reais gastos à toa
Com fogos de artifício a espocar
Nas praias, Brasil afora ,
Enquanto 20 milhões
De brasileiros, nos grilhões
De tormenta e dissabores
Passam fome?
O quadro pintado
Neste ano
De chumbo é infame:
Rastro de dor,
Misérias, pandemia ,
Tragédias, fome ,
Que qual peste se amontoa,
Destoa dos festejos que se apregoa,
Aponta o dedo na ferida aberta,
Sem eufemismo, mostra o real
Quadro de agruras e sofrimento,
Na quadra de um sonho irreal,
Uma pobre gente , entregue à inação
E pouco caso , envolta em tormento
Na malha de um consórcio
De infâmias e covardia,
Onde não há apenas um culpado,
Muitos vestem
A roupa de crueis e escrotos,
Na bandalheira, cúmplices e sócios,
Biltres que têm no peito um coração
De pedra, ratos pestilentos de esgoto,
Incapazes de sentirem compaixão
À dor alheia , e zombam ainda,
De quem padece em agonia!
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