Córregos

Liduina do Nascimento

 

Córregos

Ele cantando, desperta, dá o sinal de alerta, canta canta e seu grito vai longe, canta como se profissão fosse, nos tirar do sonho, e para a vida nos chamar! o galo desperta o quintal do sono, faz lembrar o sertão, seu canto num segundo transporta, para muito mais distante vai a  alma, quando ele canta, junto  traz recordações de infância, apito de trem, traz estendida a mão, que ajuda a atravessar o rio e o tempo, de repente os pés molhados, sonhos  escondidos  indagando o futuro fugiu-me entre os dedos, por aí ficou largado? ou se ainda irei alcançar... 

Mais à frente os córregos, as pedras roliças, misturadas a areia e a sensação de vida querendo me abraçar, e ele insiste canta canta canta, o galo guarda lembranças que do passado não quero apagar, bem como a beleza da serra e as fartas e frondosas samambaias jogadas pelos montes, sabem que quando ouço o canto do galo, saio de onde estou, e desperta, me ponho tão somente a sonhar, consciente de que nem todo sonho podemos realizar, ainda assim ele canta, e eu sonho sem querer acordar.

 

Liduina do Nascimento

  • Autor: Liduina do Nascimento (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 21 de março de 2022 16:31
  • Comentário do autor sobre o poema: Doce lembrança
  • Categoria: Natureza
  • Visualizações: 9


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