Então é isso... A sede etérica me devora!
À mesa, todas as mágoas são fiéis,
Nunca me deixam só, e em seus cordéis
Eu sou o opúsculo enredo da derrota.
Levanto, encaro o mundo a minha volta:
É tão deserto; - uma só alma entre revéis
Agonias êmulas à despojar lauréis...
_Até na morte hão de ser a minha escolta!
Que desgraça veio mim... Miseráveis,
Que mal vos fiz, pra magoar-me assim,
Aqui, à frieza das extremidades?! De mim
Me resta apenas choro e dor - intermináveis!
Silenciai-me, agora, ó dias de amargura!
Arrasta a minha singular alegoria
Às profundezas, e ali, em agonia,
Torna esquecida a minh'alma abstrusa!
Qu'importa a mim, roer-me a criatura
Toda a matéria insólita, podre, fria,
Se rói-me, agora, tão insana e baldia
Traça voraz, sorvendo-me a quentura?!
Qu'importa a mim morrer desses tormentos
Obscuros de uma vida condenada,
Se só o mal, com sua estória inacabada,
Refulge às frestas dos meus ferimentos?!
_ Então:
Que dancem frenéticos os fâmulos dançarinos;
Que façam em mim as suas festas sem misérias;
Que comam-me a carne, dissolvam-me as artérias:
Pois só assim hei de mostrar-lhes meus caninos!
Itamar FS
Instagram: > @itamar.fs_escritor
- Autor: Itamar FS (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 5 de março de 2022 22:33
- Comentário do autor sobre o poema: Poema que mostra a conformidade do fim para uma Existência distópica, na ótica do Eu lírico.
- Categoria: Gótico
- Visualizações: 14
Comentários2
Interessantíssimo!
Abraço, poeta
Bom dia poeta.
Interessante mesmo, poetizar sobre essa conformidade.
Feliz domingo!
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