Dignidade Fake
Suas carcaças espirituais não têm forma
E isso lhes obriga a fazer parte de uma facção
De uma quadrilha ou de um partido
Somente assim conseguem às noites
Mentir para si mesmo
Que agrupados são mais fortes
Que o malabarista isolado do semáforo
Deus lhes privou de asas
E é por isso que são incapazes de voar sozinhos
Então, mascaram seus voos até à copa mais próxima
Dos pinheiros mortos, pelo raio do machado, abatido
Sentem enorme prazer em lutar
E se sobrepor à gados analfabetos
Deprimidos, obesos e assustados
Suas ações denotam uma perpétua cumplicidade
Com as necessidades das fraquezas alheias
Vendendo-lhes o sagrado direito da escolha
Em troca de sacolas econômicas de ração reciclada
São tropas e mais tropas de corruptos
Que se escondem atrás de uma máscara
De rostos artificiais e de um riso roubado
Do palhaço que hoje chora...
Estendendo a infectada e gorda gorjeta
No côncavo pronado e escuro da mão sedosa
Cruzam pela vida com medo que sua sombra
Um dia lhes abandone com saudade do sol
E faça um acordo de delação premiada
Com o deus do absinto e da forca...
Contando tudo o que sabe
Ignoram sua própria identidade,
Que foi perdida na infância
No dia em que traíram o primeiro amigo
E, acovardados, fizeram um acordo
Com o amante de sua mãe deprimida
Prendem dentro do cubo mágico da ambição
A sua moribunda liberdade, que já nem grita
Que já nem gira. Sozinhos, eles não existem
Sozinhos eles são menos que nada
Seguem o caminho fácil e previsível do menor esforço
Vangloriam-se por serem velozes
Nadando a favor do fluxo da correnteza
Mas, amontoam-se na primeira curva de lodo
Crescem adaptados como baratas
A uma eterna hipocrisia sócio cultural
Como vermes parasitas que se grudam
Nas paredes de um intestino canceroso
São contrários e hostis a todo gesto honesto
E conquistam honras e dignidades
Sempre no plural
Depois as penduram nas paredes de seus gabinetes
A fim de impressionar os faxineiros noturnos
Mas se esquecem de que estão sob a égide do grande arqueiro
E assim como carecem de luz. Carecem de sobriedade
Não aprenderam ao fogo
Tratá-lo com o devido respeito
E logo, por ele, morrerão incinerados
Aleijados na emoção, riem dos apaixonados...
Toda a sua eloquência é uma cola emprestada
Só que o ceifeiro, dono de seus chapéus mágicos
E das togas cegas e das faixas a prova de balas
Lhes assombra à noite com seu olhar mortal e pesado
Cobrando um aluguel, impossível de ser pago.
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Autor:
Everaldo Pavao (
Offline)
- Publicado: 25 de maio de 2020 11:19
- Categoria: sociopolitico
- Visualizações: 15
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