Neste momento olho o céu e sinto imensa saudade dos meus primos, avós e tios que já não estão neste planeta.
Pego uma luneta com o afã de vê- los mesmo que de longe
Como nossa família era festeira, tanta comida, tantas brincadeiras com os primos, com minha avó Geni que fazia umas dentaduras da casca da laranja que dava medo.
Medo e vontade de continuar ali perto dela.
Era mágico, único viver como Ferreira, se orgulhar da família e das brincadeiras
O tempo foi passando e alguns já tinham sua passagem comprada. Não queríamos que ninguém fosse. Mas entendemos que de tempos em tempos alguém recebia a passagem de ida, partida, seja lá como queira chamar
Os avós receberam as passagens e se foram, pra tão longe que daqui não consigo vê- los.
Anos depois foram tios, e por último três primos.
Que saudade de vocês,
Que privilégio quando vêm nos meus sonhos
Menina que sou, mesmo nos meus tantos anos, busco o contato com vocês.
Nos pensamentos, nas falas, nas fotos e recebo visitas nos meus únicos e lindos sonhos.
Não entendo o motivo, pelo qual somos obrigados a pegar a passagem e deixar tantas pessoas que amamos para trás
Qual a lógica de se ter quase tudo e ser impossível manter a vida terrena?
A espiritualidade é sempre um mistério, mistério gostoso, cheio de luzes e esperança
Não tenho esperança de viver, tudo igual, nem a casa do vovô já não existe
Mas existe o amor entre nós
Amor que nos une na alegria, nas dores e agora também no virtual
Eu quero ir além, quero viver, sentir o amor dos que receberam as passagens e tiveram que ir
O amor é atemporal, como um feixe de luz ele transcende a todo obstáculo.
Mesmo na dor da saudade, eu sinto todos comigo
Como flor de lótus, de onde menos se espera brota uma riqueza tão bela.
Sabe, sei que com a luneta eu não os verei, mas se eu fechar os olhos, abrir os braços
Ahhhh eu sentirei vocês
Os sorrisos, as piadas, o perfume, a face mais leve e clara
Assim vejo vocês, meus familiares que pegaram as passagens e partiram para outro mundo, sem ter como escolher
Lá foram vocês, acenando não como um adeus
Mas como até um dia
Vcs continuam a viagem e sinceramente espero que nenhum dos que comigo está receba tão cedo o bilhete, para viajar.
Boa viagem meus eternos familiares.
Por: Mônica Souza
Comentários2
Verdade poeta,: é cruel ter que ver partir para o além alguém que amamos. Fica um buraco enorme na família. Mas,a morte corporal é inevitável. Temos que dar espaços a outros. Guardamos no nosso DNA um pedaço dos que se foram e toda a lembrança das vivências com eles partilhadas. Belo poema! Aplausos!
Ohhh Maria, gratidão pelos aplausos.
Bjo
Lindo poema! Da até vontade de chorar ao ler tão sensíveis versos.
As partidas literalmente partem nossos corações, meiga poeta!
Abraços!
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