Enquanto eles me colocavam dentro dessa gaiola.

Parecia que o tempo não passava no meu relógio.

E enquanto todos desabrocharam feito flores.

A minha primavera foi tomada por um longo inverno.

Meus lugares favoritos foram congelados.

Minhas esperanças foram embora junto com o calor daquele verão.

E a minha vida nunca se encontra tão perdida.

Mas ainda continuo aqui.

Preso, sobre todos esses fósseis de memórias.

Fragmentos da minha adolescência são jogados ao mar como as cinzas de algo morto.

Dos amores que eu não amei. 

Das pessoas que eu não conheci.

Parece que todos cresceram sem mim.

E ainda me encontro aqui.

Vestindo a fantasia de um garoto de 15 anos.

Entre as ferrugens dessa cela.

A luz do dia não consegue mais percorrer minha pele.

Não consigo mais ouvir o canto dos pássaros.

Apenas um eco, um único som que vaga dos meus sussurros até minha alma.

Mesmo que esse inverno passe algum dia e o tempo consiga me descongelar.

Ainda assim.

Não saberei quem eu sou.