Mony

Terra prometida

Terra fértil, de homens trabalhadores

Camponeses que faziam da terra o seu sustento sagrado

 Homens da terra

A espera de cada estação,

Semeavam esperança da prosperidade, com alegria e imensa gratidão

Gente simples, iletrada, 

Traziam consigo a sabedoria de arar a terra  sagrada

Lidar com a vida

com os amigos de cada lida

Reverenciavam  a terra

 A terra sagrada 

Terra que emanava o sustento de todo povoado

Famílias nas lavouras, faziam de cada arado uma oração, com tamanha devoção

Sempre gratos a sagrada mãe terra 

Eis que lá longe, avistam homens,

Muitos homens

Sem entender, de posse de enxadas ficaram a espera do inesperado 

Em marcha, os gafanhotos

chegando famintos para devorar a lavoura

Eram  grilheiros 

Querendo a posse 

Posse das terras

Posse das vidas 

Terra fértil, que garantia fartas colheitas

Naquele instante passou a ser palco de infames batalhas 

Da mãe terra, já não brotava o sustento

O que se via era sangue, como em campo de guerra 

Era a guerra, entre camponeses e grilheiros

Na terra que antes se vivia com a fartura da colheita

Com respeito às famílias e aos companheiros 

A tranquilidade daquela cidade,

foi invadida pelo terror de homens malvados 

Homens sem amor

Ladrões de terra, de vidas

sonhos e tradições 

Grilheiros, grilheiros, ladrões

grilheiros que exterminaram a paz de Cotaxé

Como lidar com tamanha insanidade? Como lidar com tamanha opressão?

Era nessessario ousadia para enfrentar, aquela guerrilha

Precisavam se unir, para sua terra garantir.

Resistência

esse era o lema dos camponeses

que viram suas terras banhadas em sangue

Resultado da ganância de homens gafanhotos

Homens brutos, governo infame 

Terra de plantio,  terra de massacres

Onde estava a terra prometida?

Sendo a vida  desvalorizada?

Cotaxé, leva contigo a força dos que por ti lutaram 

Nunca estiveste só 

És reverenciada 

Por homens de hoje e homens da época que deram suas vidas 

Lutando por ti

Impossível esquecer a insanidade de fazer de Cotaxé, uma nova Jerusalém

Para chegar a  terra prometida 

Cotaxé, Nova Jerusalém

seria necessário atravessar o mar Vermelho 

Vermelho do sangue de muitos homens

Na insana idéia, esqueceram que era necessário um sagrado cajado que garantiria tal travessia

Chegada a tão falada

Terra prometida 

Cotaxé de Jeová

Paraíso no Espírito Santo

Não havia um Moisés, apenas a crença de homens e mulheres que tinham na fé  a sonhada Cotaxé

Diante de tal cenário, eis que um cavalheiro andante por aquelas bandas passava 

Naquele momento já não sabia o que via

Era ele, Dom Quixote de la Mancha 

Cavalheiro andante e seu fiel escudeiro 

Indignado com tamanha destruição, resolveu transformar a cidade inferno com sua insana imaginação

Olhava para os grilheiros e os colocava como espantalhos,

Seriam usados nas plantações 

Fixados em madeira, protegeriam  toda plantação

Grilheiros espantalhos, eis sua missão 

Sangue derramado,  foi transformado em nascente 

Água que corria e saciava a sede de toda gente

De grilheiros a espantalhos 

De sangue a água corrente

Na visão de Dom Quixote, em seus delírios constantes

Cotaxé se transformou em linda cidade de muitos visitantes 

Cotaxé de estrelas brilhantes 

Cotaxé das crianças, de homens e mulheres

Cotaxé do novo e do velho 

Cotaxé das humanidades 

Cotaxé

Cotaxé

 

 

 

 

Por: Mônica Souza

 

 

 

 

 

  • Autor: Mony (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 16 de Janeiro de 2022 23:02
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 16
  • Usuário favorito deste poema: Shmuel.

Comentários1

  • Shmuel

    Um verdadeiro brado de guerra!
    Muita força e garra contém este poema!
    Avante guerreira- poeta, Mônica!

    • Mony

      Avante, poeta!!
      Força do povo daquela terra.
      Abraços!!



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