NO
O VAZIO DO ELEVADOR
Chico Lino
Um condômino
Entra no elevador
Não ouço resposta
Aos cumprimentos
Cabeleira branca
Em desalinho
Peitos flácidos
Na camisa justa
Marca sedentária
Estranha proximidade
Gente é bicho muito estranho
Ter que conviver…
Sob sua máscara
Não sei se sorri ou chora
Os músculos ativados
São os mesmos…
Pensa na morte
Teme transmitir/contrair COVID
Seus olhos nada exprimem
Não fala do tempo
Da vida que esvai
Em milésimos, segundos
Neste momento
Somos passageiros
Desse “mundo novo”
Da convivência
Sem vivência
Alheio
Não tem predileção
Na “Copinha” de SP
Vidrado no espelho
Narciso
Estamos sós
Odor etílico no ar
Pode ser do recipiente
Álcool setenta por cento
Até elevadores estão alcoolizados
Ensimesmado
Jeito de quem bebeu
“Alcoólatra”
Tem às mãos sacolas
Parece cervejas
Mais
Que mundo vivemos
Desço, me volto
Desejo ainda assim
Uma boa noite
Continuo sem resposta
Do vazio do elevador
- Autor: Chico Lino (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 16 de janeiro de 2022 12:58
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 114
Comentários2
Um 'distanciamento social' estando bem próximo ao outro...! Soa até meio poético, mas é trágico...! Ou apenas essa nossa realidade atual! Belo poema, Chico! Uma boa tarde e um lindo domingo!
Perfeito,poeta Chico Lino, o vazio do elevador é melancólico e constrangedor. Sou avesso a este meio de transporte.kkk
Abraços!
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