ZIGUEZAGUE

Marcelo Veloso

Vai no caminho, segue seu destino,

não se importe com os desvios,

com as alternativas que aparecem,

com os ventos desconexos e bravios.

Não deixe que as saliências perturbem,

e, tampouco, as curvas a serem feitas,

seja firme e conciso,

ainda que perceba alguma espreita.

 

Os subterfúgios não são aparentes,

mas, isso não é motivo de preocupação,

o que entorta a boca,

é a fala mal pronunciada, na devassidão.

Amarre bem os seus pensamentos,

calce-os com a doçura do saber,

e, assim, nada conseguirá desatá-los,

não se encolha, nem se deixe recolher.

 

Não fique de um lado pro outro,

nem pendure no topo do muro,

pra se esconder da decisão,

ou fugir de algum apuro.

Situe sua predileção,

não coloque reparo em tudo,

a escolha é uma virtude,

para não ficar atrás de um escudo.

 

Coloque às claras, no papel, quem sabe,

o que sua querença deseja,

não seja com os temulentos,

que se embrenham na peleja.

E, com as pernas bambas,

ficam ziguezagueando sem saber o que almeja

não tendo o mínimo de noção,

do que se quer ou de quem seja.

 

E nesse vai-não-vai,

fica-roda e puxa-espicha,

há um momento sublime,

de que, uma hora, cai a ficha.

E sem boas maneiras,

não tem amor nem dor que apague,

quem, durante a vida inteira,

só viveu no ziguezague.

  • Autor: Marcelo Veloso (Offline Offline)
  • Publicado: 9 de janeiro de 2022 14:56
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10


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