Liduina do Nascimento

Poeira da memória

 

                                  Poeira da memória

Restou o medo, e muita falta, falta de acontecimentos bons, e de boas notícias, falta de planos, tristeza pelo desperdício dos sonhos ao longo dos anos... As festividades da passagem de um ano para outro, já não me faz refletir diferente, no meu dia-a-dia, tudo continua normal e igual, sem expectativas ou desilusão, não é pessimismo, mas o que se pode esperar?  Sem retrospectivas ... E se guardo ainda algum dos tantos sonhos que um dia tive, estou lutando para realizar qualquer coisa que faça com que eu me sinta melhor, sem empolgação, tendo que esquecer o egoísmo, embora nem tanto eu consiga, quando e se dependesse só de mim, eu estaria quem sabe no mínimo, longe de onde estou, não por não gostar do meu canto, mas para respirar outros ares, ou não respirar, não podemos mais respirar um ar puro, tempos difíceis demais, nos damos por satisfeitos por estarmos ainda contando história, alguns ainda dependem de mim, por isso insisto em ir ... queria ainda poder contar belas histórias de um outro tempo que de tão distante tornou-se poeira da memória, e que tanto bem faz, ao menos lembrar de quando havia tanta esperança. As festividades da passagem de um ano para outro, tão fugaz, um dia os nossos sonhos pareciam tão ao alcance, agora já não o sabemos mais. A poesia também me fugiu, a minha alma quase escondida não quer mais sentir, ela está cansada, sequer as montanhas para ouvir os pássaros e sentir frio ela quer ... não quer a lua, nem as estrelas, resta somente existir enquanto puder. Preguiça de tudo, chega, vou ali colocar a chaleira no fogo, um bule de café é o que ainda me consola.

 

 

Liduina do Nascimento

  • Autor: Liduina do Nascimento (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 3 de Janeiro de 2022 15:41
  • Comentário do autor sobre o poema: Crônica
  • Categoria: Carta
  • Visualizações: 18


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