Shibuya

Gui. Cardoso

Tema pensar muito no seu futuro!
Não planejar, você já é quase adulto.
Passar a noite em claro estudando.
Tirar um dia para ficar descansando.
Importar tanto para a superficialidade.
Sair que nem um mulambo pela cidade.
Aos 18 anos não ter nenhum dinheiro.
Aos 18 anos ainda chorar no banheiro.

 

Shibuya, 
Quero não me sentir sozinho.
Alguém para me ajudar no caminho.
Compartilhar uma taça de vinho.
Sentir o calor do amor novamente.
Que ela saiba que tá na minha mente.
Se referir a ela e eu como: a gente.

 

Shibuya, 
Quero ser tudo e nada.
Eu de Armani e ela de Prada.
Ser humilde e usar prata.
Viver na cidade e na mata.
Que ela seja incrível e chata.
Poder ser respeitado e odiado.

 

Tenho medo de não aprender a desabafar.
De não saber exatamente o que te falar.
De não encontrar alguém que vai me amar.
De não ter atitude o suficiente para mudar.
De não conseguir mais relevar e estudar.
Em uma faculdade boa não consegui entrar.
De não saber ao certo qual a minha sexualidade.
De não saber diferir a bondade da maldade.
De não sentir êxtase no teu corpo ao meu. 
De não sentir tesão com os nossos beijos.
De não sentir euforia ao realizar meus desejos.
De não escrever mais poemas com significados.
De acordar, de dormir, de viver e de não viver.
De não ter medo de ter medo.
De ser tratado como um brinquedo.
De sair novamente machucado.

 

Shibuya,
Quero voltar a ser criança.
Naquele dedo pôr uma aliança.
Guardar dinheiro na poupança.
Na chuva fria ter minha dança.

 

Shibuya,
Quero demais, quero de menos.
Sempre almejo focos pequenos.
Como um rato enganado por venenos.
Esperando morar lá no planeta Vênus.

 

Deus, 
Cuide de meu coração bobo.
Idealizador de um amor tolo.
Dedico minha prece a ti.
Reze, espere, espere, até quando?

 

Deus, 
Felizmente posso sentir.
E por mais que doa demais.
Isso ao menos é melhor.
Do que a dor de não sentir.
Por isso choro ao sorrir.

  • Autor: Cardoso (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 30 de dezembro de 2021 10:50
  • Comentário do autor sobre o poema: Como um jovem de 16 anos, todos esses pensamentos me assombram bastante, muito em conta de uma enorme dualidade que perpassa minhas ações e pensamentos, não somente como também a minha essência e as mudanças que dão muitas vezes medo, dessa forma expressei de forma quase completa o que sinto a respeito. Em relação aos elementos do poema, quero destacar “Shibuya” que assume a função de vocativo e representa todo um aglomerado de ideal contemporâneo de progresso, mesmo que isso custe a saúde de cada indivíduo, assim exponho um dialogo com esse ideal.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 7
Comentários +

Comentários1

  • Shmuel

    Muito bom, Gui.Cardoso! Eu também já tive os meus 16 anos. Provável que tinha minhas inquietações também. Nossa faz tanto tempo, meu Deus! Mas que legal que você põe na banca, e expõe algumas. Isto é importante, falar, escrever sobre a vida, as incertezas amorosas, futuro, sonhos, comportamentos. Este é o caminho, por no papel e deixar nas nuvens. Abraços e seja bem--vindo no MLP.

    • Gui. Cardoso

      Muito obrigado pelo elogio e pela recepção! Concordo plenamente e é por essa razão que comecei a escrever poemas: expor as inquietações e principalmente uma espécie de desabafo e assim transformar dor em arte, confesso que nem sempre é uma tarefa facíl. Há uma expressão "O fardo do homem branco", eu o altero e digo "O fardo do poeta" que sente as dores e as transcreve, é algo belo.



    Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.