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Percebe-se tristeza em teus olhos,
em tuas mãos trêmulas, a incerteza dos gestos,
na tua sabedoria de outrora o vacilar dos tempos,
Anoiteceu a tua volta todas as noites minhas em silêncio.
Que perplexidade há em ti, amigo!
Precipitaste nas torrentes dos oprimidos,
toda esta tua loucura como solução nessas lutas.
Já não reivindicas nada, que não seja tua ausência.
Amarguras o equívoco da tua geração.
Vestido nessa carapaça, não desperdiçaste qualquer lágrima,
Nenhum soluço ouvimos de ti nesse teu pranto,
embora teu corpo denunciasse emoção aprisionada.
Até debochaste sobre o cadáver do teu irmão, do teu amigo.
Arrotaste todo o ressentimento, mas nada falaste.
Nunca mais soubemos do teu violão, das tuas composições.
Amigo, golpeastes todos os teus torturadores,
remendando teu corpo com o passar dos dias...
Não te vingaste, mas jamais bateste a porta dos gorilas,
jamais traíste a tua causa de outrora, nessa tua desesperança.
Tens a perspectiva erguida em tua cabeça.
Ficas, agora, na alcova que te colocaram, conformado.
Ruminas, em tua quase alegria particular novos caminhos.
Já não es mais 64, 68, mil novecentas mortes...
Há sol nesse lado da tua vida de recomeço.
Os dias não serão mais despedaçados nesses dias tristes...
- Autor: JTNery (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 26 de dezembro de 2021 05:34
- Comentário do autor sobre o poema: Anoiteceu a tua volta todas as noites minhas em silêncio.
- Categoria: Não classificado
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