Ficam as carícias

Sempre fica alguma coisa.

Fica a graça dos teus passos na minha casa,

os fios dos teus cabelos na minha cama.

Fica a marca dos nossos sentimentos!

 

Fica a vida lá fora, neste percurso claro dos nossos dias.

Fica o copo vazio nessa mesa, nessa tarde inútil.

Ficam as longas carícias enfeitiçadas pelo tempo,

Fica o aconchego que teu amor oferta, entre beijos tímidos.

 

Ficam os sons os segredos não ditos entre paredes,

sem a preocupação latente das horas quentes.

Anoiteceu, sombras dissolveram essa claridade!

Embriagados, refazemos nossos passos, nessa noite de luares.

 

Em abandonos anunciados, entre frestas nessa orgia,

sempre ficam as preocupações persistente nesses abraços...

Ficam teus passos nessa varanda, nessa ansiedade suplicante,

desalinhado nesse tempo de partida, nesses confusos sonhos.

 

Fica um pouco do teu hálito, do teu sorriso, nesses sentimentos,

desmedidos sentimentos nessa partida repentina.

Ficam os demônios entre as crenças e o desengano desse amor,

esse fantasma atormentando minhas tristezas, nesse abismo.

 

Fica um poente afogueado, entre paisagens disformes,

nessa saudade, nessa solidão, nesse leito miserável.

Fica o silêncio entre tênues lembranças, entre desesperanças.

Um intenso desejo, fica entre lembranças dessa paisagem.