arterias

mars

Me sinto abandonada deixada de lado, esquecida 

me senti assim por muito tempo, esse sentimento de estar invisivel na história da vida, de ser apagada como um simples nada 

fui abandonada, fui deixada de lado, fui esquecida e apagada por mim mesma, porque hoje vejo que ninguém me abandonou além de meu própio ser 

eu esqueci de mim e isso acabou comigo, até que eu fui lá e me achei, as vezes pensei que ninguém via minha dor, mas a única pessoa que a renegava era eu mesma

reneguei por muito tempo porque aceita-la significava senti-la, mas não funciona assim, eu a senti cem vezes mais forte, meu desejo de não estar sentindo fazia eu me consumir no fingindo

me fez colapsar em meu própio caos, fingir não adianta, isso não diminui a dor, eu colapsei e senti cada arteria do meu corpo estourar 

enquanto meu sangue se misturava com minhas entranhas e parte dele vazava por meu corpo, eu vi

eu me vi em cada particula vermelha sendo despejada no chão, pedindo socorro para meu corpo pendindo perdão a meu ser não mais são 

eu me perdoei por fugir de mim mesma, me perdoei por fingir e por não querer mais sentir, porque eu tenho esse poder de ser meu própio juri 

tenho o poder de decidir que mereço perdão que mereço me amar sem condição, que mereço ser lembrada e que não sou um mero nada 

talvez eu nunca seja lembrada, mas garanto que marquei aqueles que toquei nem que com meras palavras 

eu escrevo a dor que senti o perdão que me consedi e letras que definem meu errar e acertar, eu deixo esse buraco escancarado para que aqueles que sentirem possam ver, possam me ler, para que olhem minhas entranhas com partes costuradas e vejam que sobrevivemos 

sobrevivemos desde um arranhão a um quebrar de ossos, sobrevivemos, é isso que importa

A diferença entre mim e os outros é que não finjo que não doeu, não finjo que não deixou cicatrizes, e nem fnjo que não as tenho 

não tenho mais medo disso, eu mostro que sobrevivi porque quando vemos pessoas "inteiras" e perfeitas pensammos então que não deveriamos suportar arranhões ou conviver com pedaços remendados 

podemos rasgar, mas podemos também nos costurar, podemos nos perder, mas podemos também nos achar, podemos nos renegar, mas também podemos nos aceitar, podemos nos odiar por sentir, mas podemos também nos amar por faze-lo 

-a todos aqueles capazes 

 

 

 

  • Autor: mars (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de dezembro de 2021 22:06
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 17
Comentários +

Comentários1

  • Shmuel

    Um comovente e bonito relato de si mesma. Expondo as suas verdades e consequências. Assumindo suas dores e falhas de cara limpa. Muito bom mesmo!
    Abraços!

    • mars

      Obrigada!!
      Abraços



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