Me diga aí, José
Me diga como será
Me diga como fazer
Se o mundo parou
Se a luz está fraca
Se não há mais encontro
Se a noite é fantasma
Me diga, José
Me diga, você
Você que tem fome
Você que tem nome
Você que trabalha
Que abraça
E que beija
Mas amar ja não pode?
Está sem sorrir
Está sem falar
Na cama sem beijo
Beber é perigo
Um cigarro é fatal!
Não se pode mais nada
Sonhar já não pode
Esperar também não
Não se vê um sorriso
Me diga, José?
Me diga, José
Onde está o carinho
Calor já não tem
Nem um instante de frio
Nem um cinema aberto
Nem um café pra beber.
Uma luz pra acender
Um passeio na praça
Tudo parou
Tudo calou
Me diga, José?
E a chave? E a porta?
A chave se tem
A porta também
A porta existe
A chave existe
Só não pode abrir.
Ninguém quer morrer
Querem ver o mar
O mar está cheio
O mar não secou
Está logo ali
Me diga, José?
Ninguém quer morrer
Ninguém quer gemer
Todos querem sorrir
Todos querem dançar
Todos querem brincar
Brincar com o sol
Brincar com a lua...
Ninguém quer morrer
Ninguém quer parar, José!
Tem que ter luz
Gente precisa de luz
Gente precisa de fé
Ninguém quer fugir
Todos querem ficar
Todos querem marchar
Sabia,José?
- Autor: Carlos (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 19 de maio de 2020 08:21
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 39
Comentários2
Uma super intertextualidade! Com enredo atual e o uso de linguagem simples e compreensível.
Obrigado pelo comentário.
Também gostei muito do diálogo com o E agora José, de Drummond. O contexto histórico do poema era exatamente de incertezas quanto ao futuro causado por uma crise mundial. Muito boa essa ligação. Um acerto e tanto.
Obrigado pelo comentário
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