#ESCÁRNIO
Alguns casebres remendados...
Alguns casarões iluminados...
Resididos por fantasmas assombrados...
Entre os becos, mentirosos estúpidos...
Ratos gordos, bem vestidos...
Porcos bem criados...
Galos fanfarrões dopados...
Damas e cavalheiros de sapatos feios...
Pisando torto...
Joanetes inflamados...
O religioso embriagado...
A linguaruda cuidando dos desavisados...
Promíscuos...
Proxetas...
Dentro do armário...
Muitos incubados...
Alcoólatras pederastas...
Afoitos pelos meninos...
Velhas carcumidas...
Sem noção, sem sentidos...
Mocinhas oferecidas...
Muitas delas apenas meninas...
Mancebo sem dinheiro...
De belo topete...
Pouco estudo...
Por pouco se vende...
Apenas um pó...
Um baseado...
E tudo fica combinado...
Obesas matronas todas suadas...
Com piadas sem graça...
Rastejando pesadas pelas calçadas...
Outras tão magras e secas...
Passam fome com certeza...
A carne está tostada...
Cheira bem mal...
Comida mau temperada e cara...
Causa ventosidade o feijão queimado...
E pela cidade no circo armado...
A mocidade...
Consome drogas em liberdade...
Todo mundo quer ser o patrão...
Fumando bosta...
De pé no chão...
O pouco que ganha...
Gasta em menos de uma hora...
E na cabeça com o pó Royal...
Fica gabola...
Sem saber o tanto que lhe faz mal...
Em cada canto...
Surge um querendo governar o mundo inteiro...
Em cada porta um orgulhoso...
Achando-se portentoso...
Mas só mais um mesquinho trapaceiro...
Na confusão do mais horrendo dia...
Essa estranha freguesia...
Mascara-se, quem diria, em folia...
Afinal a festa está pronta...
A lua no céu nos vigia...
E em grande euforia...
Todos fingem alegrias...
E eu...
Encorbeto ignorante...
Muitas vezes me calo...
Falar o que se sente?
Louco...
Estarei condenado...
Tal qual palhaço me visto...
Antes rindo da desgraça...
Do que chorando pela vida sem sentido...
A pena, se disfarça...
De nada mais me assombro...
Esse lugar é bizarro...
Resta-me apenas o escárnio...
Cumprindo esse fado, sorrindo na dor...
Calado...
De que lugar e de quem falo?
Olhe para si mesmo...
E de quem está ao seu lado...
Em um pedacinho do céu...
Onde mora o diabo...
Sandro Paschoal Nogueira
facebook.com/conservatoria.poemas
.
.
- Autor: Sandro Paschoal Nogueira (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 24 de novembro de 2021 14:01
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 12
- Usuários favoritos deste poema: Sandro Paschoal Nogueira
Comentários4
Cara que cenário interessante tem esta narrativa poética. Consegui visualizar as cenas, mulheres, meninos, velhas, mancebos... reporuziste fielmente uma boca do lixo.
Abraços!
Então conseguiste captar corretamente minha alegoria do cotidiano a qual presencio.
Sim... interessante e árduo também!
Adorei a descrição do cotidiano. É a realidade das grandes cidades.
Boa noite!
Realidade de muitos lugares.
Como cá resido em um vilarejo percebo melhor
Muito bom!
Abraço, poeta
Bom dia. Grande abraço
Boa tarde.
Muito bem demonstrada em sua narrativa a dura realidade. Infelizmente, nem só de versos de amor se inspira o poeta, não é?
Meu abraço.
Boa noite. Verdade. Devemos escrever sobre os mais variados temas.
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.