Era uma pura alma
Cega, muda e surda
Tentavam lhe explicar com calma
Explicaram tanto
Mas ela não queria, não precisava de ajuda
Foi assim e pronto
Como ela não lia
Pois quem lia era pedante
Acreditava em tudo que lhe diziam
O que ela acreditava era muito mais importante
Pois sua verdade era a sua crença
E se discordavam, era radical e dura
Enunciava fria a sua sentença
E lá se ia toda sua doçura
Falava com cristalina propriedade
Daquilo que nunca havia vivido
Seja por ainda não ter nascido
Ou por não ter idade
Se mostrava muito segura
Pois lhe contaram, e assim havia acontecido
Deram-lhe livros, mas não leu
Perda de tempo
Afinal sabia tudo por seu próprio pensamento
Exatamente como a teia se teceu
Os maus eram os outros
Os bons foram poucos
E foram os seus
Suas preces eram prazerosos bordões
Repetidos e decorados
A sua, nua e crua,
A mais perfeita das religiões...
- Autor: Vênus (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 22 de novembro de 2021 21:58
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 13
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