Bailávamos sob a luz do luar ao som de um bom jazz, enquanto bebíamos uma bebida qualquer.
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O corpo dele era quente, a pele era macia, seus lábios eram grossos e os seus dedos preenchiam por completo os meus.
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Ensaiávamos passos, enquanto eu me atrapalhava entre uma passada e outra, na tentativa frustrada dele não saber que ele ja me tinha por completo ali.
O cheiro do seu corpo recém banhado, adentrava meu ser como cocaína pura que num estalo sobe pra cabeça e desce na mesma dimensão em forma de tesão.
Eu era dele, eu estava sendo dele.
A sintonia das batidas rítmicas do seu coração, me fizeram fechar os olhos e num misto de loucura, eu voei.
Mas como se eu estava ali?
Eu voei pra longe das minhas teorias, das minhas possibilidades de renúncias, da minha falta de argumentos para partir, eu simplesmente fiquei porque já não mais fazia sentido vestir uma roupa e virar as costas. Aquele era nosso momento, foi o nosso momento e sempre será nosso primeiro encontro de almas perfeitas, como um quebra cabeça de duas peças.
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Eu escreveria-te incansáveis texto ao acordar, antes de dormir, enquanto cê cantar ou performar na cozinha de casa numa apresentação célebre digna de aplausos. Eu te admirei, eu te admiro. Achei fofo, não posso negar.
As expressões do teu rosto negro me paralisam a ponto de querer desvendar o que cê tanto teima em esconder.
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Eu escreveria-te incansáveis texto só pra cê lê todo dia a poesia nata, enrugada, encarnada e escancarada no teu rosto que só eu consigo vê.
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Eu escreveria-te incansáveis texto sob a cabeceira da cama enquanto velo teu sono só pra ter certeza, que de todas as incertezas da vida, a única certeza que tenho é o desejo de sentir o gosto da tua saliva reativa de novo.
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Texto por @maryellena_aguiar