A indiscrição e o descaso é fermento dos prepotentes,

que não se importam com o ser humano,

e se entorpece de asneira e tolice,

se acham donos de uma situação, que é efêmera,

e não se atem para o questionar soberano:

- Você já parou para pensar como vai ser sua vida na velhice?

 

É um questionamento tão sublime,

que merece até escrever, sem medo de chorar,

ou se preocupar com a aparência de clichê.

Aí se coloca à mesa, unindo duas questões assestadas:

- Você acha que tem como se cuidar sozinho,

  Ou será que vai ter alguém para cuidar de você?

 

Dito isso, invocando o presente como fato,

hoje, você, talvez, nem se preocupe com tal quesito,

já que ainda é jovem e terá muito tempo para preocupar com isso.

Mas, não se toca como é a sua história,

que, apesar de parecer um tanto esquisito,

tem a presença de um ser humano nisso.

 

Pois é, acontece que tem muita gente, que hoje está velho,

que fez tudo por você e agora precisa de cuidados,

de atenção e, acima de tudo, de RESPEITO.

Abra os olhos e vê se enxerga, tenha cautela para não se perder,

pois além de toda sua "razão", dioso equívoco,

não dá pra esquecer o que é de direito.

 

A dignidade não deve ser apenas uma expressão,

deve ser o alicerce para a vida de qualquer pessoa,

ainda mais quando está velho.

Importar com o que ela faz e como vive,

numa disponibilidade sem valorar tempo e dinheiro,

é a melhor forma de ser ver no próprio espelho.

 

É muito fácil cruzar os braços, não estar nem aí,

ou até fingir que não consegue cuidar de pessoas velhas,

numa fuga indócil, totalmente sem pudor,

uma desculpa esfarrapada, sem pé nem cabeça,

que só serve para mostrar qual o grau de dignidade e respeito,

com o que há mais precioso no mundo: o amor!

 

Afinal, os "tempos idos" chega para todos,

alguns vão mais cedo, mas a maioria não,

e os que vão ficando, são exemplos de perseverança.

O questionamento inicial, então, retorna enfático;

- Você já parou para pensar como vai ser sua vida na velhice?

- Ou já perdeu a esperança?