Silêncio e desencontro

Quando te calas, fico num dilema, entre respeitar o seu silêncio e a minha vital necessidade de sentir você.

Quando somes, tento compreender seu desejo de se encontrar contigo mesmo. Todavia, no abismo profundo do meu desejo, sinto triste a sua ausência.

Como o Sol, que ao despertar tem um fugaz encontro com a lua, que depois, estando ali, some sem nada dizer.

No ocaso do Sol, em novo e rápido encontro, o esplendor do seu arrebol, tinge o céu de vermelho, aquarelizando, em amarga despedida, todo seu penar. 

Nesse novo adeus, esmaece seu brilho, para que sua amada reine soberana no céu. Então dorme silente, na sua cíclica solidão.

Tenho por você a intensidade do amor do Sol, minha Lua. Mas não desejo encontros fugazes, eu quero mais. Mesmo respeitando a sua necessidade de silêncio, isolamento e brilho próprio, eu quero mais e mais. Eu quero você.

Entendo a importância do brilho pessoal. Mas quem sabe, num minguante desejo, vejamos um crescente momento e nesse dia, possamos brilhar juntos, num duradouro encontro que celebre e perpetue a intensa luz do nosso amor. 

Minha luz, eu te amo, como o Sol, que se só, brilha triste.